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Incêndios e seca faz chover incertezas para safras de açúcar e etanol; ‘Perdas podem superar 470 mil toneladas’

10 set 2024, 16:40 - atualizado em 10 set 2024, 16:40
incêndio etanol açúcar (1)
Nas simulações mais pessimistas (e menos prováveis), a perda de açúcar não chega a 900 mil toneladas, segundo a StoneX (Foto: iStock.com/think4photop)

A safra 2024/2025 de cana-de-açúcar caminha cheia de incertezas, em especial para o volume a ser processado e às produções de açúcar e de etanol, por conta dos impactos da seca e de incêndios no final de agosto, de acordo com o Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea). Com isso, a StoneX fez um levantamento sobre os incêndios nos canaviais paulistas em agosto.

Segundo os dados da plataforma de monitoramento das queimadas no Brasil, a Terrabrasilis – coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) –, agosto foi o mês que mais registrou incêndios na história do estado de São Paulo, totalizando 3.612 focos ativos no período.

Cruzando os dados do Terrabrasilis e do Painel do Fogo, foram identificados entre 210 e 220 mil hectares com cobertura de cana sob área de influência das queimadas no período analisado (22 a 24/ago) no estado de São Paulo.

Considerando um raio de 5 km no entorno das usinas do estado, 29 das 172 unidades tiveram impacto das queimadas, sendo 19 delas apenas nas mesorregiões de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.

Áreas de SP mais afetadas pelos incêndios

No total das nove mesorregiões analisadas, representando 95% da área de cana paulista, e praticamente a totalidade das queimadas, foram contabilizados 2 mil focos, afetando 4% da área de São Paulo.

No total das nove mesorregiões analisadas, representando 95% da área de cana paulista, e praticamente a totalidade das queimadas, foram contabilizados 2 mil focos, afetando 4% da área de São Paulo. Entre as mesorregiões que tiveram mais impactos nos canaviais, estão:

  • Ribeirão Preto: 7,6%
  • Araraquara: 6,1%
  • São José do Rio Preto: 4,0%
  • Araçatuba: 3,6%
  • Piracicaba: 2,1%
  • Bauru: 1,8%

“No geral, entende-se que os impactos para o plantio de 2025/26 (abr-mar) e para a cana disponível no ano que vem preocupam mais o setor, especialmente por trazer perdas diretas de área e onerar produtores e usinas com o replantio. Para 2024/25, as perdas são incertas, seja pela dificuldade de identificar o tipo de cana em cada área, seja porque mesmo queimada a cana ainda pode ser moída e aproveitada”, explicam Marcelo Di Bonifacio e Vitor Andrioli.

Qual será o volume de açúcar perdido?

O quanto será perdido de açúcar pelas queimadas é incerto, pois dependerá muito da área total impactada, quanto de mix açucareiro será prejudicado e quanto haverá de perda de produtividade, se houver, na cana restante queimada que será colhida.

A StoneX estima a moagem de 602,2 milhões de toneladas em 2024/25 (abr-mar) e um mix açucareiro de 50,5% no Centro-Sul. Até o momento, o mix não está respondendo aos níveis esperados, se posicionando em 49% no acumulado da temporada, em vista dos problemas mencionados para qualidade da cana.

De acordo com a consultoria, supondo um cenário hipotético em que 30% da área estimada de 215 mil ha é totalmente perdida pelas queimadas, não podendo ser aproveitada, e assumindo que o mix da cana queimada cairá para 40%, com o ATR se mantendo elevado – haveria uma perda potencial ao redor de 470 mil toneladas de açúcar.

Vale notar que nas simulações mais pessimistas (e menos prováveis), a perda de açúcar não chega a 900 mil toneladas, 2% do estimado para 2024/25 no Centro-Sul brasileiro.

Para o saldo global, a perda potencial de 470 mil tons tiraria o equivalente a 490 mil tons em valor bruto da produção global, não alterando, o consenso de duas safras superavitárias em 2023/24 (out-set) e 2024/25, cujas estimativas estão em 4,6 milhões de toneladas e 1,2 milhões de toneladas de saldo positivo, respectivamente.

Preços de etanol e açúcar

Na última semana, a demanda por hidratado esteve baixa, resultando no segundo menor volume do biocombustível comercializado por usinas paulistas na temporada 2024/25.

Entre 2 e 6 de setembro, o indicador Cepea/Esalq do hidratado fechou em R$ 2,5081/litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), recuo de 1,88% frente ao do período anterior. Já para o anidro, o indicador Cepea/Esalq subiu 0,65%, a R$ 2,9358/litro.

No mercado de açúcar cristal branco, houve um movimento de alta no mercado spot do estado de São Paulo. No balanço de 2 a 6 de setembro, a média do Indicador foi de R$ 136,47/sc de 50 kg, alta de 4,02% em relação à do período anterior.

Pesquisas do Cepea apontam que a procura pelo açúcar cristal no spot paulista aumentou na semana passada, porém, não parece ser um aquecimento do mercado, e sim compradores buscando garantir estoques, com receio de que os preços subam ainda mais no curto prazo.

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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo.
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