Imprimir dinheiro, no Brasil, é o mesmo que convidar um bêbado a uma degustação de vinhos?
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deu uma explicação bastante ilustrativa sobre a possibilidade de o Brasil utilizar a impressão de moeda como uma ferramente de combate aos efeitos da recessão criada pela pandemia do coronavírus.
Em uma entrevista concedida ao presidente do BTG Pactual, André Esteves, Neto foi perguntado sobre esta ferramenta dentro de uma analogia sobre o alcoolismo. O bêbado seria o Brasil e a impressão de moedas algo como uma degustação de vinhos.
Esteves comentou, em sua pergunta: “Nós somos um alcoólatra que demorou 20 anos para se curar e estou com medo de estarem no chamando para um wine tasting”. (veja o vídeo acima)
O presidente do BC, na mesma analogia, comentou que “é normal após tanto tempo ser chamado para algo assim”. Ele esclareceu, contudo, que a política monetária comum não está esgotada e que usar outras ferramentas criaria um prêmio de risco pior do que passar do limite da ferramenta tradicional.
“Queremos fazer política monetária com isso, abrir espaço de capacidade de gastos? Nós entendemos, no BC, que a conquista que foi feita pelos meus antecessores, à duras penas, de atingir essa normalidade que temos de juros e inflação, ela não foi sem um grande esforço e sacrifício de ter anos com crescimento baixo e para reconquistar a credibilidade”.
Para ele, se o Brasil voltar a frequentar estas “degustações de vinho”, provavelmente vai ficar bêbado de novo.
“Você pode voltar ao wine tasting e provavelmente vai ficar bêbado de novo. Porque é um instrumento que, uma vez usado, é muito confortável. Você basicamente tem gasto a custo presente zero, mas impõe um custo futuro de credibilidade para as próximas gerações que não é justo”.