Importante minerador da Ethereum (ETH) propõe ‘fork’ para manter blockchain proof-of-work
Conforme a rede Ethereum se aproxima da mudança para o mecanismo de consenso proof-of-stake (PoS) – a tão aguardada atualização conhecida como “The Merge” – a comunidade enfrenta a possibilidade de uma bifurcação (“fork”, em inglês) liderada por um minerador, a qual poderá dividir a rede.
A ideia ganhou um impulso inédito após Chandler Guo, um influente investidor e minerador de criptomoedas chinês, declarou no Twitter na semana passada que faria a bifurcação no blockchain da Ethereum para o que chamou de “ETH POW”, permitindo que mineradores continuem as operações após “The Merge” ser implementado.
A atualização – que deverá acontecer em 19 de setembro – fará a transição do mecanismo de consenso proof-of-work (PoW) para proof-of-stake (PoS) no blockchain da Ethereum.
Isso removerá a necessidade de verificação das transações por mineradores, que gastaram bilhões de dólares em unidades de processamento gráfico (GPU) para minerar novos blocos.
Por esse motivo, desenvolvedores da Ethereum anteciparam que a atualização seria impopular entre mineradores e tomaram decisões para conter a interferência destes – incluindo uma “bomba de dificuldade” que tornará significativamente mais difícil a mineração de novos blocos.
Apesar de mineradores não conseguirem impedir The Merge de acontecer, eles podem clonar o blockchain da Ethereum e criar uma versão própria da rede em que a transição nunca aconteça. A questão é se esses mineradores conseguem atrair pessoas o suficiente para usar a versão bifurcada.
É neste ponto que entra Chandler Guo. Ele esteve envolvido na bifurcação da Ethereum em julho de 2016, que resultou na formação de Ethereum Classic (ETC).
Agora, Guo quer repetir o feito por meio da aquisição de poder de hash – uma medida da produção de mineração cripto – e convencer outros mineradores a se juntarem a ele.
“Já bifurquei a Ethereum uma vez e a bifurcarei novamente”, escreveu Guo em uma publicação no Twitter na semana passada.
Caso a tentativa seja bem-sucedida, a rede Ethereum será dividida em dois blockchains diferentes: uma versão PoW operada pelos mineradores e o blockchain principal PoS, operado por desenvolvedores e validadores da Ethereum.
Detentores de ether (ETH) – criptomoeda nativa da rede – receberiam tokens no novo blockchain, conforme a rede é copiada, embora a um preço muito diferente.
Se ETH POW passar a existir de fato, seu ativo nativo terá de ser listado em corretoras cripto e passar por uma nova descoberta de preço – sem a garantia de que o token da bifurcação terá qualquer valor.
Ethereum PoW começaria do zero
Embora o novo blockchain seja livre para continuar com o mecanismo PoW, ele não traria necessariamente quaisquer apps ou desenvolvedores que dariam valor à rede principal da Ethereum e ao ether.
O desenvolvimento de ETH POW teria de começar do zero, com contratos autônomos (“smart contracts”) sendo lançados e mantidos desde o início.
Além disso, o blockchain PoW teria uma falta crítica de ativos, como stablecoins, necessários para suportar o funcionamento de aplicações de finanças descentralizadas (DeFi).
É provável que esse fator torne a rede bifurcada menos atraente para usuários, a menos que empresas de stablecoins decidam apoiá-la.
Quanto ao assunto, o diretor de tecnologia da emissora de stablecoins Tether – Paolo Ardoino – disse, em uma publicação ontem no Twitter, que apoiaria a versão PoS ao invés da bifurcação para blockchain PoW.
Uma bifurcação do blockchain não é a única opção restante para mineradores da Ethereum.
Recentemente, houve debates sobre uma possível migração para Ethereum Classic, que continuará usando o mecanismo de consenso PoW após Ethereum mudar para PoS.
AntPool, um pool operado pela gigante de mineração cripto Bitmain, disse que irá apoiar Ethereum Classic e fez um investimento de US$ 10 milhões nesse blockchain.
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