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Importador de combustível diz que Petrobras tem preços “predatórios” e vai ao Cade

08 jan 2021, 19:25 - atualizado em 08 jan 2021, 19:25
Diesel
A defasagem média do preço do diesel está em 0,22 real por litro, enquanto a da gasolina se encontra em R$ 0,31 (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)

A Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) protocolou nesta sexta-feira novo ofício no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) alertando sobre o que considera práticas de preços de combustíveis “predatórias” pela Petrobras (PETR3; PETR4).

A medida, disse o presidente-executivo da Abicom, Sérgio Araujo, ocorreu porque há “fortes indícios” de que o governo Bolsonaro está interferindo nos preços da Petrobras, “com prejuízos para importadores e acionistas”.

Procurado, o Ministério de Minas e Energia disse que “os preços de combustíveis no Brasil são livres e acompanham as tendências de mercado”.

Mas, segundo Araujo, a situação está “insuportável” para importadores de combustíveis, pois há defasagem de preços de diesel e gasolina da Petrobras ante o mercado global, o que prejudica negócios de empresas privadas.

De acordo com dados da Abicom, a defasagem média do preço do diesel está em 0,22 real por litro, enquanto a da gasolina se encontra em 0,31 real.

À Reuters, ele disse até que “havia expectativa de todo o mercado de que os preços seriam ajustados hoje”, o que não ocorreu.

Araujo afirmou ainda que o novo ofício protocolado no Cade traz mais informações sobre as práticas da Petrobras, sem detalhar.

O Cade disse que recebeu o ofício da Abicom e está analisando o documento.

“Adicionalmente, informamos que o Cade não comenta processos em análise na autarquia”, acrescentou.

A Reuters contatou a Petrobras, mas não foi possível obter uma resposta imediata.

Petrobras
Nos último anos, a Petrobras passou a realizar reajustes de preços mais frequentes (Imagem: /Paulo Whitaker)

A queixa da Abicom lembra tempos em que a Petrobras acumulava prejuízos bilionários devido a controle de preços de combustíveis, para evitar uma pressão inflacionária, especialmente durante o último governo petista.

Na oportunidade, a companhia não repassava altas de preços internacionais, em um mercado que era crescente.

Nos último anos, entretanto, a Petrobras passou a realizar reajustes de preços mais frequentes.

A gestão atual da Petrobras defende que seus preços seguem a chamada paridade de importação, impactada por fatores como as cotações internacionais do petróleo e o câmbio.

Mercuria suspende expansão

A situação de preços, em meio a um mercado de combustíveis mais fraco por conta da pandemia, teria levado uma importante trading internacional, a Mercuria, a suspender investimentos previstos para expandir um terminal de armazenamento de combustíveis no porto de Paranaguá (PR), disseram duas fontes com conhecimento do assunto.

Atualmente, segundo informações no site da Mercuria, a empresa tem 53 mil metros cúbicos de capacidade em terminal chamado Terin, em Paranaguá.

As fontes, que falaram na condição de anonimato, não deram detalhes sobre como seria a expansão.

Procurada, a Mercuria afirmou que não iria comentar a informação.

“Todas as importadoras que investiram no passado acreditaram que a Petrobras permitiria o desenvolvimento desse mercado”, disse uma das fontes, ao se queixar da defasagem de preços.

Araujo, da Abicom, não quis comentar a questão da Mercuria, mas confirmou que a empresa não mais integra a associação.

O setor de combustíveis no Brasil vem sofrendo impactos da pandemia de Covid-19, que reduziu o consumo.

As importações de derivados de petróleo pelo Brasil acumularam queda de cerca de 19% de janeiro a novembro, segundo dados mais recentes da reguladora ANP, que sinalizam que as compras de combustíveis pelo país podem ser as menores em cerca de cinco anos, em meio a impactos da pandemia.

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