Combustíveis

Importação de GNL pela Petrobras tende a seguir alta em 2022, diz executivo

29 dez 2021, 17:37 - atualizado em 29 dez 2021, 17:38
Petrobras, petróleo
Em 2020, foram apenas 33 cargas importadas pela empresa (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

A importação de gás natural liquefeito (GNL) por parte da Petrobras (PETR4) tem uma tendência de continuar relativamente elevada em 2022, após a empresa bater recorde este ano nas compras externas do produto para atender as termelétricas na crise hídrica, disse um executivo da empresa à Reuters.

A estatal vai encerrar o ano com 119 cargas importadas de GNL, superando o recorde anterior de 2014, quando a empresa trouxe 99 cargas para ajudar o país a lidar com a escassez de chuvas nas hidrelétricas, como aconteceu em 2021, na pior crise hídrica em 91 anos.

Em 2020, foram apenas 33 cargas importadas pela empresa.

A carga média importada pela empresa neste ano até novembro ficou em 23 milhões de metros cúbicos ao dia.

Segundo o gerente-executivo de Gás e Energia da Petrobras, Álvaro Tupiassu, ainda não é possível estimar o volume que será importado em 2022.

“Se chover muito, cai (a importação), se chover pouco fica (ainda alto), mas se você olhar a tendência é muito provável que tenha uma demanda média alta no ano que vem”, disse ele.

“Como o nível dos reservatórios ainda está baixo, tem que acumular mais água (e usar térmica) para dar tranquilidade”, comentou.

A oferta brasileira de gás é de aproximadamente 100 milhões de metros cúbicos, sendo 50 milhões de m3 de produção nacional, aproximadamente 20 milhões de m3 de gás importado da Bolívia e 30 milhões de GNL, incluindo importação de cargas por outros agentes, além da Petrobras.

O Brasil é um importador líquido de gás, e a expectativa do mercado é de que a demanda do país pelo produto seguirá maior que a oferta interna pelo menos até 2035.

O aumento de produção de pré-sal, em campos como Búzios, elevará a oferta, mas mesmo no pico de extração a demanda total será maior nos próximos anos.

GERAÇÃO TÉRMICA

No auge da crise hídrica, a geração térmica chegou a mais de 19 mil megawatts, mas atualmente está em cerca de 10 mil MW, segundo o segundo o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi.

Diferentemente do último ano, as chuvas este ano chegaram no começo do período úmido, melhorando as previsões do ONS para os reservatórios, e aliviando a geração térmica.

Em dezembro, por sua vez, as chuvas estão aquém das estimativas, e os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste devem fechar o mês com um nível em torno de 25%, segundo a última projeção divulgada pelo órgão.

“Chuvas muito forte e problemáticas no sul da Bahia. Devem se deslocar para Minas Gerais e São Paulo. Reservatórios do Sudeste se recuperando abaixo do esperado. Vamos ver as chuvas desses próximos 10 dias, que podem ser bem intensas” disse ele à Reuters.

Apesar das chuvas mais “fracas” em dezembro, o ONS mantém a previsão de encerrar o período úmido com reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste com nível entre 58% e 62,1% em maio de 2022, volume mais confortável do que o visto em 2021.