Coluna do Hsia Hua Sheng

China: como Comitê do Partido Comunista impacta a economia e o Brasil

24 jul 2024, 16:10 - atualizado em 24 jul 2024, 16:10
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O governo chinês realizou o Terceiro Plenário do 20º Comitê Central do Partido Comunista da China. (Foto: glaborde7/ Pixabay)

A China mantém um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na média de 5% ao ano. Os primeiros três meses do ano, geralmente, são mais fortes, enquanto o segundo trimestre tende a ser menos dinâmico devido à sazonalidade.

No entanto, o país enfrenta desafios, como o consumo interno abaixo do nível esperado, a transição no setor imobiliário, dívidas dos governos locais e o desemprego entre os jovens. Externamente, o país lida com a desaceleração do crescimento global e as guerras tecnológicas e comerciais com os Estados Unidos.

Foi nesse contexto que o governo chinês realizou o Terceiro Plenário do 20º Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC), um evento de grande importância onde são formuladas e definidas as direções políticas e econômicas para os próximos anos, fornecendo estabilidade e previsibilidade para os agentes econômicos.

Como o evento é fechado, as decisões tomadas só são conhecidas por meio de um comunicado divulgado após o encerramento das sessões.

Do ponto de vista econômico, a mensagem principal é a reafirmação da China em continuar modernizando institucionalmente sua economia, desenvolvendo um sistema econômico de mercado com características socialistas. Esta base institucional é essencial para desenvolver um ecossistema e cadeia de manufatura e serviços integrados com inovação tecnológica, inteligência artificial e aplicações comerciais, resistindo a pressões e sanções externas.

China: quais seriam as principais diretrizes decididas no Plenário?

As diretrizes discutidas no Plenário cobrem várias áreas e uma leitura cuidadosa dos documentos pode oferecer insights detalhados para diferentes interesses.

Por exemplo, para entender mais sobre a transição imobiliária na China, os analistas podem avaliar o capítulo sobre reformas de seguridade social, onde é detalhada a forma como os governos locais vão transformar esses prédios já construídos em moradia popular via sistema de aluguel.

Já para aqueles que estão preocupados com as dívidas dos governos municipais da China, há capítulos também que discutem reformas tributárias e que focam na relação entre governos locais e governo Central.

Para um entendimento mais geral e menos técnicos, eu sugiro 5cinco palavras-chave para tentar ter uma ideia básica sobre os principais diretrizes decididos no Terceiro Plenário da China:

  • Segurança: ter estabilidade nacional, política, institucional e social é essencial para garantir execução das medidas econômicas e garantir uma sociedade mais justa com mais distribuição e menos concentração de renda;
  • Confiança: construir um caminho próprio do modelo de desenvolvimento econômico, sistema tributário e tecnológico que reequilibre o sistema de mercado com a justiça social;
  • Modernização: incentivar a pesquisa e desenvolvimento e fazer autonomia integrada de ecossistema de tecnológica e inovação tecnológica; maior integração de economia digital e real; maior integração entre setor urbano e rural; e modernizar o setor de serviços com IA e tecnologia em nuvem;
  • Reformas institucionais: fazer uma reforma fiscal e tributaria; reforma de segurança social; aderir ao sistema de governança global e de mercado sob a estrutura institucional da China; reforma para proteção ambiental;
  • Abertura para estrangeiros: continuar a atrair investidores estrangeiros qualificados; intensificar investimento e intercâmbio com países da Nova Rota da Seda; intensificar o comércio internacional; e abertura de mercado financeiro e uso de moedas locais.

Como o Brasil será afetado?

Ao contrário de outros países que estão fechando seus mercados internos, a China reafirmou sua política de abertura comercial, tecnológica e de investimentos no Terceiro Plenário.

A continuidade da política de abertura da China representa uma oportunidade para o Brasil, promovendo maior comércio e investimentos bilaterais. Exemplos incluem parcerias tecnológicas entre empresas, como Magazine Luiza e AliExpress, e projetos logísticos que aumentam a eficiência dos exportadores brasileiros. Além disso, há potencial para colaboração na fabricação de veículos elétricos, beneficiando ambos os países com a troca de tecnologias e conhecimentos.

*As análises e opiniões são de responsabilidade exclusiva do autor e não representam uma visão das instituições das quais o autor pertence.

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