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Impeachment de Trump é usado para levantar fundos para reeleição

04 out 2019, 14:48 - atualizado em 04 out 2019, 14:48
Os anúncios pedem que os simpatizantes contribuam para um fundo de defesa para o impeachment e ao clicar no link as pessoas são direcionadas ao site do fundo da campanha de reeleição

A estratégia de captação de fundos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em torno do processo de impeachment mostra que, por enquanto, é mais uma batalha política do que jurídica.

Desde que a presidente da Câmara de Deputados, Nancy Pelosi, anunciou uma investigação em 24 de setembro, a campanha de Trump gastou centenas de milhares de dólares em anúncios em redes sociais do Facebook e Twitter mencionando o impeachment.

Mesmo que os anúncios peçam que os simpatizantes contribuam para um fundo de defesa para o impeachment ou se inscrevam para serem membros da Força-Tarefa Oficial de Defesa do Impeachment, ao clicar no link as pessoas são direcionadas ao site do fundo da campanha de reeleição.

“Por favor, contribua na PRÓXIMA HORA para nos dar os recursos de precisamos para DEFENDER o Presidente Trump do impeachment”, diz o anúncio pedindo doações. Nas letras pequenas abaixo, a campanha esclarece que o dinheiro vai para a mesma conta que os fundos para a reeleição.

Essa é uma abordagem diferente da adotada pelo ex-presidente Bill Clinton, que levantou recursos para um fundo de defesa com o objetivo de contratar advogados e pagar por outras despesas legais durante sua batalha contra o impeachment em 1998.

Clinton “lutou como um processo judicial”, disse Douglas Weber, pesquisador sênior do Center for Responsive Politics, uma organização sem fins lucrativos que monitora o financiamento de campanhas. “Trump está levantando dinheiro para uma campanha convencional.”

Em outro anúncio separado, que começou a ser veiculado em 25 de setembro e tem mais de 1 milhão de visualizações, Trump promete que, ao se inscrever na força-tarefa, “você será um líder ao me defender, o Presidente, contra esses ataques infundados e repugnantes. Você será responsável por defender a Grandeza Americana”, segundo o arquivo de anúncios políticos do Facebook.

A estratégia também está vinculada a um esforço de campanha. As pessoas que colocam seus nomes na lista estão consentindo em receber ligações e e-mails sobre a eleição.

É uma estratégia que Trump usou com sucesso durante a campanha de 2016, quando despertou o entusiasmo e urgência de sua base política para reunir o maior número possível de endereços de e-mail no período que antecede as eleições. Esses e-mails podem mais tarde ser usados para enviar anúncios de redes sociais mais direcionados e também ajudar a campanha a convidar pessoas para comícios e vender mercadorias de Trump, além de pedir votos.