Política

Impeachment de Bolsonaro ganha força nas redes e reúne João Amoêdo, Haddad, Vem Pra Rua e MBL

18 jan 2021, 22:17 - atualizado em 19 jan 2021, 2:57
Jair Bolsonaro
Apesar do apoio, a aprovação de impeachment é processo longo e complexo (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

A campanha de impeachment contra Jair Bolsonaro ganhou força nas redes sociais nos últimos dias, embalada pela crise de saúde pública em Manaus e a bateção de cabeça do Governo Federal em iniciar a campanha de vacinação contra o coronavírus.

De acordo com matéria da Folha de S. Paulo, movimentos de ruas, que ganharam notoriedade com o impeachment de Dilma Rousseff, como Movimento Brasil Livre e Vem Pra Rua, agora engrossam o coro a favor do impeachment de Bolsonaro.

Nomes como Fernando Haddad (PT) e João Amoêdo (Novo), que disputaram a presidência em 2018, também já manifestaram seu apoio ao afastamento do presidente.

Difícil

Apesar disso, a aprovação do impeachment é um processo longo e complexo. Primeiro, precisa passar pelo presidente da Câmara. E, depois de comissões, são necessários 342 votos na Câmara e dois terços do Senado, ou 54 votos.

Para pressionar os congressistas, o Vem Pra Rua criou o site “Adeus Bolsonaro”. Até o momento, são 104 deputados e 11 senadores favoráveis.

Na visão do cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando, em entrevista ao Money Times, outro problema é o povo na rua. Por conta da pandemia, seria inviável ter as grandes manifestações que ajudaram a tirar Dilma do poder.

“Até o momento, há a possibilidade do impeachment, mas ele não se concretiza. As condições objetivas não estão dadas, embora a vontade, que são as condições subjetivas, já existam. Teria que haver uma liderança que pudesse levar esse processo adiante e que conseguisse mobilizar a classe política e a sociedade civil”, argumenta.

Mais cedo, o presidente Rodrigo Maia afirmou que o Congresso deve investigar as falhas na gestão de saúde durante a pandemia que resultaram, entre outros problemas, na falta de oxigênio em hospitais de Manaus, mas ponderou que não é o momento de discutir um impeachment de Bolsonaro.

Para ele, discutir o impeachment colocaria o Legislativo no centro de uma discussão política e tiraria o foco das ações de enfrentamento à crise do coronavírus.

“É inevitável que a gente tenha pelo menos uma grande comissão parlamentar de inquérito, seja da Câmara ou do Congresso, a partir de um momento mais na frente”, disse, após comentar que a falta de insumos de saúde em Manaus e “outras regiões” integrará uma “grande investigação”

O movimento de queda na popularidade segue a linha da piora, entre os entrevistados, na percepção sobre a atuação de Bolsonaro no combate ao coronavírus (Imagem: REUTERS/Bruno Kelly)

No Twitter, desde quarta-feira, hashtags contra o Governo estão entre os assuntos mais comentados.

Segundo pesquisa da Modalmais, as menções negativas ao Governo Federal nas redes subiram de 70% para 73% na sexta-feira, um recorde.

Avaliação negativa

A avaliação negativa do governo Bolsonaro, assim como a percepção de sua atuação no combate à crise do coronavírus, pioraram em janeiro, apontou pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta segunda-feira.

Segundo a sondagem, subiu de 35% para 40% a fatia dos entrevistados que consideram o governo “ruim” ou “péssimo”, patamar semelhante ao verificado em abril do ano passado, no início da pandemia.

O movimento de queda na popularidade segue a linha da piora, entre os entrevistados, na percepção sobre a atuação de Bolsonaro no combate ao coronavírus.

Para 52%, a atuação nesse quesito é “ruim” ou “péssima”. Em dezembro, eram 48%. Os que avaliam a atuação como “ótima” ou “boa” passaram de 26%, em dezembro, para 23% em janeiro.