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Impasse no licenciamento da Ferrogrão adia o progresso logístico nacional

05 maio 2021, 13:59 - atualizado em 05 maio 2021, 14:10
A paralisação da Ferrogrão acaba por mitigar todo o avanço do modal ferroviário, que, diferente das obras na malha rodoviária, requer desenvolvimento contínuo e de longo prazo, argumenta especialista em transporte de cargas (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

Por Denny Mews, fundador e CEO da CargOn e professor do MBA em Transporte Rodoviário de Cargas (TRC)

O Brasil é o país que tem maior concentração logística com escoamento realizado pela malha rodoviária, movimentando 75% das nossas mercadorias, seguida da marítima com 9,2%, aérea com 5,8% e da ferroviária com apenas 5,4%, além de cabotagem e hidroviária, que juntas não chegam a 4%, segundo dados da pesquisa Custos Logísticos no Brasil, da Fundação Dom Cabral (FDC).

Diante desses fatos, ampliar a malha ferroviária com um projeto como a Ferrogrão, importante ferrovia para o escoamento de commodities como o milho, soja e farelo de soja, açúcar, etanol e muitas outras mercadorias da região Norte, significa a otimização do progresso logístico nacional.

Os impasses envolvendo as áreas de conservação ambiental na rota da ferrovia devem ser incluídos urgentemente na agenda nacional, na busca imediata por soluções a todos os envolvidos.

No entanto, a paralisação acaba por mitigar todo o avanço do modal ferroviário, que, diferente das obras na malha rodoviária, requer desenvolvimento contínuo e de longo prazo para que possa ser estendido a cada troca de liderança governamental.

Sabemos o quanto o modal rodoviário é benéfico para o desenvolvimento econômico do país, tanto para manutenção da infraestrutura quanto para a movimentação da indústria de veículos pesados e o mercado de combustível, por exemplo.

“É um retrocesso pensar que o escoamento de mercadorias tão essenciais ainda seja prioritariamente dependente das rodovias”, reforça o CEO da CargOn (Imagem: Divulgação/CargOn)

Além disso, faz a conexão de embarcadores e transportadoras de toda a cadeia de suprimentos à força de trabalho massiva realizada com êxito pelos nossos caminhoneiros.

Vale destacar o potencial de crescimento do modal ferroviário que, segundo dados do Painel CNT do Transporte — Ferroviário da Confederação Nacional do Transporte, movimentou, apenas em setembro de 2020, 48,25 milhões de toneladas úteis (TU), crescimento de 8,9% ante o mesmo período de 2019, que registrou 44,3 milhões de TU.

A relevância do setor também é reforçada pelas concessionárias associadas à Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) que, em comparação com fevereiro de 2020, apresentaram crescimento de 1,1% no volume transportado em fevereiro de 2021 — no mesmo período, o transporte de carga geral registrou aumento de 4,2%.

Já na comparação mês a mês, de janeiro para fevereiro deste ano, o crescimento foi de 66%, passando de 4,9 milhões para 8,2 milhões de cargas transportadas pela malha ferroviária brasileira.

Portanto, é um retrocesso pensar que o escoamento de mercadorias tão essenciais ainda seja prioritariamente dependente das rodovias.

Precisamos reconhecer o trabalho realizado pelo modal ferroviário brasileiro e apoiar sua expansão, pois, assim, avançaremos com a logística sobre trilhos, unindo importantes polos produtores do país em prol de um objetivo em comum e favorável a todos: o progresso.