Impactos econômicos do coronavírus ainda são incertos, diz presidente do Banco Central
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta sexta-feira que os impactos econômicos do coronavírus ainda são incertos, e que a avaliação dos agentes do mercado sobre as repercussões para a economia brasileira varia consideravelmente, oscilando no momento de uma redução de 0,1 ponto a queda de 0,4 ponto percentual do Produto Interno Bruto.
“Impactos econômicos ainda incertos, mas podem ser significativos caso a epidemia se mantenha por um tempo prolongado”, disse Campos Neto segundo apresentação divulgada pelo BC para palestra em evento fechado à imprensa em São Paulo.
O presidente do BC destacou, na apresentação, que os casos confirmados de pessoas infectadas pelo coronavírus já ultrapassaram um total de 60 mil com a nova metodologia de diagnóstico.
Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na terça-feira, o BC avaliou que um eventual prolongamento ou intensificação do surto implicará uma desaceleração adicional do crescimento global, com impactos sobre os preços das commodities e de importantes ativos financeiros.
“A consequência desses efeitos para a condução da política monetária dependerá da magnitude relativa da desaceleração da economia global versus a reação dos ativos financeiros”, frisou a autoridade monetária.
A ata também mostrou que, na reunião em que definiu um corte de 0,25 ponto na taxa Selic na última semana, para 4,25%, e indicou uma interrupção no ciclo de flexibilização, o colegiado divergiu na avaliação sobre o nível de ociosidade da economia brasileira.
Nesta sexta-feira, Campos Neto reiterou a cautela com a política monetária, reafirmando que “os próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação“.
O BC republicou, no final da manhã desta sexta, a apresentação de Campos Neto para incluir também a frase de que o Comitê de Política Monetária (Copom) “vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”, que não constava do documento divulgado originalmente mais cedo.
Na apresentação de dados sobre a conjuntura econômica, o presidente do BC destacou que as expectativas recentes para o PIB mostram o Brasil com um desempenho acima da média dos países da América Latina. Campos Neto também chamou atenção para uma perda disseminada de tração da indústria entre os países emergentes.