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Impacto social crescerá no Nordeste com cana abaixo do custo por crise do etanol e RenovaBio

13 set 2022, 9:14 - atualizado em 13 set 2022, 9:22
Cana de Açúcar Agricultura
Mão de obra na colheita é única no Nordeste em todo Brasil (Imagem: REUTERS/Rajendra Jadhav)

A colheita da cana no Nordeste é predominantemente manual. Há uma necessidade social de gerar empregos, quando sim esmagadoramente gerado por agricultores familiares. Com a matéria-prima valendo menos que o custo da plantação, a safra recém iniciada sob a crise do etanol vai reproduzindo os prejuízos da frente para trás.

Em Pernambuco, o valor caiu a R$ 166 a tonelada posta na usina. O produtor soma R$ 181/t com as despesas de produção, em cálculos da AFCP, que congrega os canavieiros, englobando a mão-de-obra na colheita, que emprega milhares de trabalhadores em um vasta região sem outras oportunidades de trabalho.

O cenário é parecido em todos os estados, o que está levando a União Nordestina dos Plantadores de Cana (Unida) a procurar o ministro da Agricultura (Mapa), Marcos Montes para solicitar algum colchão para amortecer o tombo.

Coincide, também, com a decisão de várias entidades nacionais, diretas e indiretamente interessadas no RenovaBio, que estão endereçando documento ao governo pedindo o fim das mudanças que desfiguram o programa para os biocombustíveis e ajudam a deprimir os preços. Juntos à Udop e Unica, estão a Feplana (canavieiros), as Aprosojas, Ubrabio e Unem, entre outras.

José Inácio, presidente da Unida, acompanhado de Alexandre Andrade Lima, presidente da AFCP, Hermano Morais, presidente da Asplan/RN, Gerson Carneiro Leão, presidente do Sindicape, e outras lideranças, querem discutir em Brasília meios de reverter ou ao menos atenuar a tendência de queda dos preços da cana, que atinge diretamente cerca de 18 mil produtores.

O cenário se agrava desde que houve alteração na base de cálculo do ICMS, para 18% entre todos os estados, e com impacto direto, especialmente, na queda de preços da gasolina. Em paralelo, o concorrente do etanol aumentou sua competitividade com os seguidos cortes proporcionados pela Petrobras (PETR4) nas refinarias.

Enquanto isso, o governo já havia protelado para setembro de 2023 a obrigatoriedade de as distribuidoras comprovarem as aquisições dos Créditos de Descarbonização (CBios) emitidos pelas usinas, ao mesmo tempo em que se discute a entrada de novos ativos no RenovaBio, concorrentes do etanol e biodiesel.

Como lembra o presidente da AFCP, e da Feplana, Paulo Leal, embora poucas usinas repassem esses ganhos com os títulos para os produtores – exceção das cooperativas de Pernambuco, como a Coaf, também presidida por Lima -, o fato de os CBios estarem pressionados é receita a menos chegando às indústrias.

Logo, os compradores da cana-de-açúcar seguem sem incentivo extra para renegociar valores com seus fornecedores.

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