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ILPs, uma alternativa às finadas ICOs

26 jan 2020, 19:00 - atualizado em 24 jan 2020, 13:27
blockhive
Em 2017, houve a explosão das ICOs. Órgãos regulatórios fecharam o cerco sobre esse tipo de investimento, então novos modelos de financiamento continuam a surgir (Imagem: Blockhive)

Em 2017, ofertas iniciais de moeda (ICO) eram o método de financiamento mais popular para novos projetos de criptoativos. 

quantidade levantada por startups de blockchain por meio da venda de tokens ultrapassou a quantidade adquirida pelos investimentos de capital de risco em 3.5 vezes.

No entanto, devido aos inúmeros problemas de cumprimento à lei ainda sem resolução, diversa variações do modelo de ICO continuam a surgir.

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O que são ILPs?

Aquisição inicial de empréstimo (ILPs) são uma nova forma de financiamento baseado em token em que mutuários e credores entram em um acordo digital de empréstimo por meio de um contrato inteligente.

Os juros que os “credores” (investidores) vão ganhar está relacionado ao desempenho da empresa emissora.

Conforme esses empréstimos são tokenizados e transformados em FLAT (Tokens de Acesso a Empréstimos Futuros), podem ser negociados em mercados secundários para criar liquidez e flexibilidade para investidores.

Quando um empréstimo tokenizado é vendido, o novo investidor entra no acordo de empréstimo com o mutuário.

Além disso, as verificações de KYC (identificação de clientes) são realizadas tanto para mutuários como para credores para reduzir a possibilidade de fraude ou lavagem de dinheiro e cada acordo de empréstimo e digitalmente assinado e registrado no blockchain.

Assim, ILPs são uma alternativa segura e baseada em dívida às ofertas de ICOs parecidas com IPOs (oferta inicial pública) que dominaram o mercado de financiamento de criptoativos até agora, com a diferença principal sendo que investidores investem em uma empresa em vez de em um token digital.

O propósito de ILPs é de continuar o crescimento de financiamento coletivo descentralizado mas com maior proteção para investidores, sem a necessidade de interferência do governo.

Startups que almejam levantar fundos através de uma ICO possam estar deixando muito dinheiro à toa conforme o dinheiro de ações de possíveis investidores não vai entrar no mercado; ILP são uma alternativa para que isso não aconteça (Imagem: Facebook/Blockhive)

Como ILPs podem beneficiar startups e investidores?

Apesar da popularidade das ICOs, vieram com várias limitações e riscos tanto para startups emissoras como para seus investidores.

Em primeiro lugar, na maioria das jurisdições, ainda não se sabe se ICOs são valores mobiliários ou se ainda se manterão sem regulamentação. A SEC está fechando o cerco em várias empresas que estiveram envolvidas com a venda de ICOs não regulamentadas, que terão que pagar multas por conta de “vendas ilegais”.

Em segundo lugar, as implicações fiscais de emitir um token digital, bem como investir em um token digital, ainda são desconhecidas. Se acabarem sendo classificadas como valores mobiliárias, a tributação vai se tornar um risco para os dois lados.

Em terceiro lugar, não existe qualquer proteção para investidores que investem em ICOs. Startups que emitiram tokens (em vez de security tokens) não fornecerem nada em troca para os investidores, nem mesmo uma reivindicação dos ativos da empresa, como é o caso de equity tokens.

Em vez disso, fundadores de startups são livres para fazer o que quiserem com os fundos levantados, o que criou um contexto onde, alegadamente, metade das ICOs já falharam já que os desenvolvedores ganharam dinheiro e não tinham mais incentivo para materializar suas visões declaradas para seus projetos de blockchain.

Brad Garlinghouse, CEO da Ripple, foi além e afirmou que ICOs são fraudes. “Eu acho que muito do que acontece no mercado de ICOs são fraude e eu acho que isso vai (futuramente) acabar”, afirmou ele, na época, à CBNC.

Por fim, a alta volatilidade de ativos criptografados os torna uma classe de ativos desafiadora a se investir para investidores de varejo, bem como investidores institucionais que têm claros guias de investimento para utilização.

Isso significa que startups que almejam levantar fundos através de uma ICO possam estar deixando muito dinheiro à toa conforme o dinheiro de ações de possíveis investidores não vai entrar no mercado.

ILPs podem aliviar alguns dos problemas enfrentados pelas vendas de tokens “tradicionais”, conforme os fundos dos investidores sejam assegurados por contratos inteligentes, todas as partes são verificadas por KYC antes da transação e o potencial de lucro é definido claramente pelo acordo de empréstimo.

Os participantes da ILP da Blockhive receberam tokens ETSY como forma de agradecimento (Imagem: Facebook/Blockhive)

O ILP da Blockhive

O pioneiro de ILPs foi a Blockhive, incubadora de blockchain da Estônia. Em vez de emitir um novo token digital, investidores da Blockhive podem adquirir uma ILP ao comprar tokens FLAT que vão dar o direito a eles de receber 20% do lucro operacional anual da empresa.

“Quando as pessoas recebem tokens FLAT, se tornam possíveis credores e podem usar os tokens para assinar acordos de empréstimo com o mutuário — nesse caso, a Blockhive.

Quando assinarem o acordo de empréstimo com a Blockhive, se tornam credores do acordo de empréstimo e irão receber os pagamentos de juros”, afirmou a empresa em seu blog.

ILP da Blockhive vai ser uma empresa interessante de se acompanhar. Caso esse novo modelo de financiamento funcione, não seria surpreendente ver mais acordos de empréstimo tokenizados na economia de token do futuro.