Economia

Ilan Goldfajn, presidente do BC, projeta inflação abaixo de 4% para este ano

03 dez 2018, 16:10 - atualizado em 03 dez 2018, 16:10
(José Cruz/Arquivo/Agência Brasil)

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse hoje (3) que o país vive um momento de crescimento econômico – lento e gradual, mas de crescimento – e deve o fechar o ano com expansão de 1,4% no PIB. De acordo com Goldfajn, no próximo ano, o Produto Interno Bruto poderá chegar 2,4% no próximo ano.

Ao participar do seminário Reavaliação do Risco Brasil, promovido nesta segunda-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Goldfajn ressaltou que a inflação está sob controle e deverá fechar este ano em 3,94% e que a taxa básica de juros da economia (Selic) vem-se mantendo no patamar histórico de 6,5%.

Goldfajn ressaltou o fato de que este cenário foi atingido em momento em que o mundo, e o próprio país, viveu momentos de turbulência. “Eu diria que há três grandes fenômenos [a se destacar]. Em primeiro lugar, a consolidação da inflação em torno das metas. Uma vez a inflação consolidada, e as expectativas ancoradas, nós este ano tivemos a satisfação de manter a taxa de juros básica mínima histórica, que é os 6,5% [ao ano].”

“Isso ocorre em um ano em que tivemos um desafio relativamente importante, com uma conjuntura externa mais difícil e um cenário interno também mais turbulento. E, dado isso, a inflação na meta e taxa de juros histórica, nós temos hoje uma recuperação. Ela é gradual, mas é consistente – já temos sete trimestres de crescimentos positivos”, enfatizou Goldfajn.

Ao falar sobre a inflação, o presidente do Banco Central lembrou que, em 2015, a taxa estava em torno de 10,6%, vindo a cair para 6,29% no final de 2016, até fechar o ano passado em 2,95% – abaixo da meta em fixada pelo próprio BC e devendo encerrar 2019 em 4,12%, ligeiramente abaixo da meta de 4,25%.

“Começar o ano de 2018 com a inflação abaixo da meta se provou útil porque este foi um ano em que enfrentamos muitos desafios. Tivemos um choque externo relevante, um ambiente desafiador para economias emergentes. Houve depreciação da moeda de todas as economias emergentes. Desde as mais até as menos vulneráveis: eu diria em torno de 10%”, acrescentou.

Depois de ressaltar a ocorrência de uma queda importante no PIB do país, em torno de 7,5% [em 2015 e 2016], e usar estimativas do próprio mercado para estimar que a economia deverá fechar o ano que vem em torno de 2,4%, o presidente do Banco Central defendeu como fundamental para a recuperação da economia brasileira de forma mais consistente a continuidade das reformas.

Reformas

O presidente do BC defendeu a realização de reformas e ajustes para garantir a recuperação econômica. “Tem que trabalhar as reformas, os ajustes, para que esta recuperação seja mais intensa. Politica monetária, inflação, política cambial – eu diria que são a rotina do Banco Central,é o objetivo principal. Além dessa rotina, a gente tem a estabilidade do sistema financeiro. [É preciso] cuidar para que o sistema funcione”.

No entanto, alertou Goldfajn, “não basta fazer a rotina, o dia a dia. Não basta só a inflação ficar na meta. Precisamos também avançar em medidas estruturais. E é por isso que nós trabalhamos a Agenda BC+: é uma agenda financeira que fala em cidadania, incluir mais gente no sistema financeira e trabalhar em uma legislação mais moderna para o BC, cuja gente tem 30, 40 anos ou mais”.

Ele destacou que que o crescimento econômico propriamente dito não é um objetivo do Banco Central, mas do governo federal, como um todo, defendeu a autonomia da instituição e voltou a enfatizar a necessidade de se avançar nos ajustes e nas reformas necessárias, “uma vez que as conquistas dos últimos dois anos só se consolidarão e avançarão ainda mais se eles forem implementados”.

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