Iguatemi (IGTI11): Por que ação cai após bolada com dividendos e vendas recordes em 2022?
As ações da administradora de shopping centers Iguatemi (IGTI11) recuam perto de 5% nesta quarta-feira (1º) após a divulgação dos resultados do quarto trimestre e do consolidado de 2022 ontem. Com isso, os papéis têm uma das maiores quedas do índice Ibovespa.
Por volta das 15h30 (de Brasília), as ações da companhia recuavam 4,92%, a R$ 18,38. Os papéis da Iguatemi encerraram fevereiro com queda de 1,3%, após avançarem 5,9% em janeiro.
Por que Iguatemi cai se o mercado gostou dos resultados?
Apesar da queda das ações, o diretor de real estate da XP, Ygor Altero, avalia que a Iguatemi apresentou resultados consistes e acima das expectativas. Segundo ele, o desempenho impulsionado por um crescimento do indicador aluguel mesas lojas (SSR, na sigla em inglês) mais forte do que o esperado.
“Com isso, as receitas de aluguel aceleraram, ajudando a receita total a chegar nos R$ 292 milhões. Apesar disso, a Iguatemi viu aumento das despesas com juros”, comenta, acrescentando que as vendas em janeiro aumentaram 24% na base anual, sugerindo uma tendência positiva de vendas no primeiro trimestre.
O analista de real estate da Empiricus Research, Caio Nabuco de Araujo, acrescenta que esse aumento é reflexo da elevação da taxa de juros (Selic), o que resultou em um prejuízo de R$ 83,7 milhões no último trimestre do ano.
Entretanto, Araujo ressalta que, em algumas linhas do balanço financeiro, a Iguatemi entregou números abaixo do esperado. “Especialmente, a ocupação do portfólio de shoppings e a queima de caixa da operação digital”, diz.
O analista da Empiricus chama a atenção para a taxa de ocupação média. Apesar do indicador chegar a 92,9%, acima do visto em 2021, ficou abaixo das expectativas da companhia. “É possível que os eventos do trimestre, as eleições e a Copa do Mundo, tenham afetado o apetite por espaço dos lojistas no período”, comenta.
Apesar disso, Araujo destaca que a Iguatemi anunciou inaugurações importantes em algumas das suas principais praças, tal como lojas da Nike no Iguatemi São Paulo e da Zara no Pátio Higienópolis, também na capital paulista.
Projeções positivas para 2023
Além de passar a régua no ano anterior, a Iguatemi anunciou projeções de crescimento de receita, margem Ebitda e investimentos para 2023.
Araujo, da Empiricus, vê as projeções como “interessantes”, mas pondera que “o mercado pode estar cético pelo cenário econômico desafiador no ambiente doméstico”.
Altero, da XP, destaca que a faixa de margem Ebitda dos shoppings, projetada pela Iguatemi, mostra um potencial de ganho de eficiência, ajudando na margem consolidada. “Mesmo com o segmento de retail ainda em maturação durante 2023”, reforça.
Iguatemi anuncia dividendos
Após a divulgação dos resultados, a Iguatemi anunciou que pagará em 15 de março o valor antecipado de R$ 27,5 milhões em dividendos. O montante será distribuído aos acionistas posicionados na sexta-feira (3).
O valor equivale a R$ 0,0130 por ação ordinária, R$ 0,0392 por preferencial e a R$ 0,0915 por unit da companhia. Os papéis passam a ser negociados como “ex-dividendos” a partir do pregão de 6 de março.
Segundo a Iguatemi, seu conselho de administração aprovou a distribuição de R$ 110 milhões em dividendos relativos aos resultados obtido em 2022. A proposta será discutida na Assembleia Geral Ordinária (AGO) da empresa de shoppings em abril.