CryptoTimes

Igor Rodrigues: por que existe tanta expectativa para empresas que compram bitcoin?

16 ago 2021, 12:22 - atualizado em 16 ago 2021, 12:22
O rumor de que a Amazon iria aceitar criptomoedas como pagamento em sua plataforma virou manchete. Entenda, em artigo por Igor Rodrigues, da MezaPro, por que essa expectativa, gerada pelo setor institucional, sacode os mercados cripto (Imagem: Unsplash/christianw)

Em julho, boa parte da alta do bitcoin (BTC) e de outras criptomoedas foi explicada pela possibilidade da Amazon (AMZNAMZO34) aceitar pagamentos em bitcoin para seus produtos. O boato foi desmentido pela própria empresa após alguns dias.

Amazon, Musk e Ethereum 2.0

É claro que outros fatores também foram importantes para a alta, como o aumento na taxa de hashes, o preenchimento do espaço deixado por mineradores chineses por validadores de outros países e a diminuição na oferta, resultante do aumento dos chamados “hodlers” (que mantêm o ativo em carteira por um longo período).

De qualquer forma, por que uma empresa comprando bitcoin gera tanta expectativa? Uma das respostas pode ser: a adoção em massa das tesourarias e das companhias em geral pelas criptomoedas é uma questão de tempo. Porém, exige uma certa angústia em relação a como esse movimento será realizado. 

Em todos os grandes movimentos de mercado, há sempre uma notícia — ou um boato — de uma empresa renomada entrando no mercado cripto.

Foi o caso do Facebook (FB; FBOK34) com a Libra (agora Diem), em 2019, e o Paypal (PYPL34), em 2020. A partir do segundo semestre de 2020, vimos as primeiras empresas de capital aberto investindo parte relevante do caixa em bitcoin.

Esse fato despertou o interesse de outras companhias e de pessoas físicas por criptomoedas, levando as cotações de bitcoin e de altcoins — alternativas ao bitcoin — para os níveis mais altos da História nos meses seguintes.

As primeiras empresas a adotarem criptomoedas em suas tesourarias corporativas — como Microstrategy (MSTR) e Tesla (TSLATSLA34) — foram aquelas ligadas à tecnologia e que, por isso, tendem a ser mais abertas à inovação do que algumas empresas em setores mais antigos da economia.

Essas empresas estão sempre ativas na nova economia por meio de investimentos diretos ou por passarem a aceitar criptomoedas como meio de pagamento no intuito de obter conhecimento, além de se proteger de uma possível inflação.

Em conversas com grandes empresas, alguns gestores declaram que existe o desejo de investir parte dos recursos de tesouraria em criptomoedas para aprender sobre esta inovação.

No entanto, desafios — rígidas políticas corporativas de investimentos, o desconhecimento sobre a custódia e a forma de escriturar o ativo em seus livros contábeis — acabam desacelerando esse processo.

Outro fato que dificulta a adoção é a volatilidade de preços inerente ao mercado de curto prazo das criptomoedas.

Apesar das barreiras tão complicadas e da dificuldade no processo de decisão, quando uma grande companhia anuncia que possui planos de participar da criptoeconomia, gera-se grande expectativa no mercado, pois pode ser um catalisador de adesão em massa.

Embora ainda tenhamos desafios para a adesão do mercado corporativo, a questão não é “se” ocorrerá, e sim “quando”.

Regramentos de compliance, diretrizes contábeis e possível regulamentação dessa classe de ativo estão sempre em discussão e trarão impulso para a adoção de criptomoedas e blockchain por empresas em níveis muito robustos nos próximos anos.

Igor Rodrigues é head de trading da MezaPro, unidade de negócios da 2TM voltada a clientes institucionais e de alta renda.