IFI: Combustíveis vão pressionar inflação e elevar rombo nas contas públicas em R$ 30 bi
O déficit primário do governo deve ir de R$ 76,2 bilhões para R$ 108,1 bilhões, devido à guerra na Ucrânia e ao aumento no preço dos combustíveis.
É o que estima a Instituição Fiscal Independente do Senado (IFI), em relatório divulgado nesta quarta-feira (16).
A IFI também afirmou que a inflação deverá continuar alta.
O relatório de acompanhamento fiscal da instituição congrega, mensalmente, as principais análises e estimativas de conjuntura macroeconômica e orçamentária no Brasil.
Segundo a IFI, a principal causa do aumento do déficit é a implementação de medidas que diminuem a arrecadação de impostos, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciada no início do mês pelo governo e a isenção do PIS/Cofins, válida até dezembro de 2022.
A redução do IPI deve causar uma perda de arrecadação de R$ 16,2 bilhões para a União, Estados e municípios.
Já a isenção do PIS/Cofins deve gerar um impacto fiscal de R$ 17,6 bilhões para o governo central.
A IFI também considera possíveis impactos do PL nº 1.472/2021, em tramitação no Congresso Nacional, que propõe a criação de um auxílio emergencial de até R$ 3 bilhões para a atenuar os impactos sobre os preços finais ao consumidor de gasolina.
Inflação segue pressionada
Já a inflação, que atingiu 1,01% em fevereiro, maior taxa para um mês desde 2015, tem como principal fator de pressão o reajuste no preço dos combustíveis.
A Petrobras (PETR4) anunciou recentemente um reajuste de preços de 18,7% para a gasolina e 24,9% para o diesel, face a uma subida nos preços do petróleo no mercado internacional.
O estudo também considera o impacto do aumento da Selic em 1 ponto percentual, decidido pelo Banco Central nesta quarta.
“O risco calculado pelos agentes econômicos na curva a termo de juros vai pressionar o custo médio da dívida, piorando o cenário”, diz.
“A fragilidade do quadro fiscal e econômico exacerba-se em um contexto internacional adverso. Os maiores riscos estão concentrados na inflação e, consequentemente, nos juros. Sob o prisma fiscal, a resultante será o aumento da relação dívida/PIB”, conclui o relatório.