Investimentos

IFC bate recorde no Brasil em 2021 e mira combate ao ‘greenwashing’

17 ago 2021, 15:08 - atualizado em 17 ago 2021, 15:46
Bandeira do Brasil
“O Brasil vai enfrentar situação econômica difícil após a pandemia e estamos fazendo um papel contracíclico”, disse o gerente geral da IFC no país, Carlos Leiria Pinto, em entrevista á Reuters (Imagem Pixabay/ASSY)

A International Finance Corporation (IFC) bateu recorde de investimentos no Brasil em 2021, e está intensificando o uso de métricas para combater o ‘greenwashing’, o uso indevido do ESG em projetos de infraestrutura.

A instituição, braço do Banco Mundial para o setor privado, liderou investimentos de 2,85 bilhões de dólares no Brasil no ano fiscal de 2021, 30% a mais do que o previsto e tornando o país no quarto maior portfólio da IFC no mundo.

Segundo o gerente geral da IFC no país, Carlos Leiria Pinto, o valor ficou cerca de 30% acima do orçamento original, cenário que tende a se repetir no recém-iniciado ano fiscal de 2022, dados os efeitos recessivos da pandemia da Covid-19.

“O Brasil vai enfrentar situação econômica difícil após a pandemia e estamos fazendo um papel contracíclico”, disse Leiria Pinto em entrevista à Reuters, explicando que o órgão procurou alinhar crescimento econômico a metas ambientais.

Do valor total, 1,108 bilhão de dólares foram de recursos próprios da IFC e 1,745 bilhão de dólares vieram de bancos privados.

As parcerias público-privadas levaram 960 milhões de dólares do total, com projetos de iluminação pública, rodovias e trem metropolitano.

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Combate ao Greenswashing

Um dos projetos financiados foi para a empresa estadual de saneamento do Rio Grande do Sul, Corsan, com foco na redução de perda de água, no primeiro financiamento em infraestrutura ​​da IFC ligado a métricas de sustentabilidade na América Latina.

A meta é reduzir o nível de desperdício de água, de 44% para 35% do total. Pelo modelo do financiamento, à medida que as metas forem alcançadas, o custo do crédito para o tomador cai.

Segundo Leiria Pinto, essa foi um caminho de o IFC aplicar o conceito ESG (sigla em inglês para boas práticas de governança ambiental, social e corporativa) de forma objetiva, o que deve ser intensificado no país.

“Queremos combater o greenwashing”, disse o executivo, referindo-se ao jargão criado para identificar casos em que pessoas ou instituições alardeiam iniciativas ESG mais como um instrumento de marketing do que de compromisso efetivo com boas práticas nessa direção.

A meta é reduzir o nível de desperdício de água, de 44% para 35% do total. Pelo modelo do financiamento, à medida que as metas forem alcançadas, o custo do crédito para o tomador cai (Imagem: Pixabay)

Ele citou outro projeto recente da IFC no Brasil com o uso de métricas para tornar críveis as afirmações de sustentabilidade, envolvendo as chamadas construções verdes.

O contrato prevê, entre outras condições, que o consumo de água e energia na obra seja 20% inferior aos de métodos tradicionais.

Nesse sentido, em setembro, a IFC dá partida num acordo celebrado com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em fevereiro, por meio do qual financiamentos para projetos de eficiência energética, agricultura sustentável, energia solar, edificações verdes e mobilidade usarão o mesmo conceito.

Os projetos climáticos representaram 60,7% dos recursos da IFC no país, incluindo um ‘green bond’ certificado pela Climate Bonds Initiative com a Sicredi, de 120 milhões de dólares, para financiar a compra de painéis de energia solar.