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Ibovespa descola do exterior e acumula perda na semana

23 jul 2021, 17:17 - atualizado em 23 jul 2021, 17:48
Ibovespa
Com a curva de juros em alta, o apetite pela renda variável perde força, com o volume muito abaixo da média nos últimos dias (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta sexta-feira, com Vale (VALE3) e Magazine Luiza (MGLU3) entre as maiores pressões de baixa, em movimento descolado de bolsas no exterior e determinante para a performance negativa na semana.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa até tentou se recuperar nos últimos pregões, após um começo de semana bastante negativo por preocupações com a disseminação da variante Delta da Covid.

Wall Street colaborou, em meio a uma temporada de balanços que tem repercutido de modo geral positivamente. O S&P 500, que também sofreu na segunda-feira, engatou quatro altas seguidas e assegurou uma alta de quase 2% na semana.

Na bolsa paulista, porém, as três altas acumuladas até a véspera não tiveram continuidade, em meio a preocupações persistentes com o quadro político em Brasília, dados de preços acima do esperado, queda do minério de ferro, entre outros componentes.

A prévia da inflação oficial brasileira, divulgada nesta sexta-feira, desacelerou em julho, mas ainda assim registrou a maior alta para o mês desde 2004 e superou previsões, afetando os DIs e contaminando a bolsa paulista.

Em 12 meses, o avanço do índice chegou a 8,59%, contra alta acumulada de 8,13% em junho e bem acima do teto da meta do governo para este ano 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

“Com a curva de juros em alta, o apetite pela renda variável perde força, com o volume muito abaixo da média nos últimos dias, o que comprova esse menor apetite pela compra”, afirmou o analista da Clear Corretora, Rafael Ribeiro.

Vale  também pesou nesta sexta-feira, fechando em baixa de 0,51%, a 11,12 reais, após três altas consecutivas, afetada por novo declínio dos preços do minério de ferro da China, que contabilizaram a maior queda semanal em 17 meses.

Outro peso negativo relevante foi Magazine Luiza (MGLU3) , que recuou 2,80%, a 22,60reais, também em meio a ajustes após precificar na véspera oferta de ações com desconto de cerca de 2% frente ao preço de fechamento de quinta-feira.

Na contramão, Hypera Pharma (HYPE3) subiu 3,52%, a 36,26 reais, tendo no radar balanço do segundo trimestre, que será conhecido após o fechamento desta sexta-feira, abrindo o calendário de resultados das empresas listadas no Ibovespa.

Na próxima semana, então previstos os números de TIM, GPA, Carrefour Brasil, Santander Brasil, Vale, Ambev e Usiminas, entre muitas outras.

“Preços de commodities favoráveis, uma base de comparação fraca em relação ao ano anterior e uma reabertura da economia devem levar a resultados operacionais sólidos para a maioria das empresas”, espera a equipe do Santander Brasil.

Em termos consolidados, eles estimam alta de 180% no lucro líquido, de 91% no Ebitda e de 52% na receita líquida, afirma o relatório assinado pelo estrategista Ricardo Peretti.

“Os cíclicos globais – produtores de commodities, especialmente a Vale – mais uma vez devem contribuir mais para este crescimento anual robusto, em nossa visão.” Excluindo-os, o Ebitda deve crescer 12% em relação ao ano anterior.

Nesta sexta-feira, o Ibovespa caiu 0,87%, a 125.052,78 pontos, acumulando perda de 0,72% na semana e mostrando declínio de 1,38% no mês. No ano, ainda sobe 5,07%.

O índice Small Caps recuou 0,99%, a 3.083,62 pontos, com recuo de 0,76% na semana e 1,94% no mês. A alta em 2021 agora é de 9,26%.

O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 20,5 bilhões de reais, contra média diária de 28,46 bilhões de reais em junho e 34,63 bilhões de reais no ano.

 

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Destaques do Ibovespa do Acumulado do Mês:

Cia Hering (HGTX3) sobe 13,86% tendo no radar a sua incorporação pelo Grupo Soma, aprovada sem restrições pela Superintendência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no começo do mês.

O Grupo Soma precificou na última terça-feira uma oferta primária de ações a 19,20 reais por papel, levantando 883,4 milhões de reais, recursos que serão usados para a aquisição da Cia Hering.

Cosan (CSAN3) valoriza-se 12,69%, embalada pelo anúncio de IPO da Raízen, joint venture da companhia com a Shell que atua na área de distribuição de combustíveis e produção de açúcar e etanol.

A operação será precificada na primeira semana de agosto.

Rumo (RAIL3) avança 11,49%, em meio a dados mostrando crescimento nos volumes transportados em junho, além de anúncio do governo do Mato Grosso de edital para construção de ferrovia no Estado, projeto para o qual a companhia já manifestou interesse.

Americanas (AMER3) recua 15,52%, em meio a ajustes após a conclusão da combinação dos negócios entre a empresa de comércio eletrônico B2W e sua controladora Lojas Americanas.

Na fusão, o caixa e ativos operacionais da Lojas Americanas foram incorporados pela B2W, que por sua vez foi renomeada para Americanas, passando a ser negociada sob o código AMER3.

Lojas Americanas (LAME4)  perde 12,55%.

Cvc Brasil (CVCB3) cai 12,55%, após quatro meses consecutivos de valorização, com receios sobre os reflexos da disseminação da variante Delta da Covid corroborando movimento de realização de lucros no papéis.

No ano, as ações ainda contabilizam uma elevação de 22,52%.

Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:

– Índice financeiro: -2,04%

– Índice de consumo: -0,93%

– Índice de Energia Elétrica: -0,14%

– Índice de materiais básicos: +0,15%

– Índice do setor industrial: +0,50%

– Índice imobiliário: -2,30%

– Índice de utilidade pública: +2,66%