Mercados

Pessimismo com China e quadro fiscal doméstico levam Ibovespa à mínima desde maio

16 ago 2021, 17:26 - atualizado em 16 ago 2021, 18:13
Ibovespa
A desaceleração da economia chinesa e mais um pregão de alta para curva de juros justificam a forte queda do Ibovespa (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Dados decepcionantes sobre atividade econômica na China e a piora de perspectivas pra inflação e juros no Brasil levaram o Ibovespa (IBOV) nesta segunda-feira à mínima desde o começo de maio.

Pressionado pelo efeito da queda de commodities e da alta do dólar sobre ações domésticas, o principal índice acionário do país caiu 1,66%, fechando a sessão em 119.180,03 pontos, menor nível de fechamento desde 4 de maio. O giro financeiro da sessão somou 34,2 bilhões de reais.

A China teve crescimento de produção industrial e de vendas no varejo em julho, mas abaixo das expectativas, o que foi suficiente para levar ladeira abaixo as cotações de produtos como petróleo e metais.

Além de puxar consigo os índices das principais bolsas globais, por aqui esse quadro ampliou o pessimismo com o Brasil, diante de receios com o quadro fiscal e tensão política. Esse cenário mais negativo foi temperado com a piora das projeções de inflação e juros para 2021, segundo o boletim semanal Focus, do Banco Central.

“A desaceleração da economia chinesa e mais um pregão de alta para curva de juros justificam a forte queda do Ibovespa e o retorno para a faixa de 119 mil pontos”, afirmou o analista da Clear Corretora Rafael Ribeiro.

Mas a sessão também foi marcada por uma bateria de anúncios corporativos de fusões, aquisições envolvendo Rede D’Or, Alliar, Ultrapar, Bemobi, Viveo, enquanto Comerc e Entalpia anunciaram planos de listagem em bolsa.

Destaques

Petrobras (PETR4) perdeu 2,42%, na sombra das cotações globais do barril do petróleo, após dados econômicos da China.

Usiminas (USIM5) puxou a fila das siderúrgicas, cedendo 5,3%, também após dados chineses.

CSN (CSNA3) encolheu 2,72%, enquanto Gerdau (GGBR4) teve baixa de 3,1%.

Vale (VALE3) foi uma exceção, com ganho de 0,46%.

Itaú Unibanco (ITUB4) recuou 1,15%, ilustrando a sessão também negativa para os grandes bancos brasileiros, após o mercado elevar as projeções para alta da Selic em 2021.

Bradesco (BBDC4) retrocedeu 0,82% e Santander Brasil (SANB11) foi depreciado em 0,29%.

Cosan (CSAN3) caiu 2,2%, após divulgar lucro líquido de 942,4 milhões de reais no segundo trimestre, ante 101,9 milhões do mesmo período de 202.

A empresa, porém, anunciou redução da expectativa de investimentos para a unidade de gás Compass.

ALLIAR (AALR3) disparou 19,9%, após anúncio de que a Rede D’Or ofereceu comprar a empresa de diagnósticos médicos com um prêmio de 21,8% em relação à cotação de fechamento das ações na sexta-feira, numa operação de até 1,36 bilhão de reais.

REDE D’OR (RDOR3) fechou estável.

Ultrapar (UGPA3) avançou 1,09%, após ter anunciado acordo para vender 100% de sua unidade de químicos especiais Oxiteno para o grupo tailandês Indorama por 1,3 bilhão de dólares.

CVC (CVCB3) perdeu 8,56%. A companhia de viagens anunciou nesta manhã que elevou a participação na VHC Hospitality, de 69% para 100%.

Na sexta à noite, havia divulgado que teve prejuízo de 175,6 milhões de reais, acusando os efeitos da segunda onda da Covid-19.

Executivos da companhia chegaram a mencionar que esperam forte alta de resultados no segundo semestre, diante de demanda reprimida por viagens no Brasil.

VIVEO (VVEO3) teve valorização de 0,17% após revelar que acertou a compra da Profarma Specialty, empresa de distribuição e farmácia de especialidades e da Cirúrgica Mafra, por um valor total de cerca de 900 milhões de reais.

Bemobi (BMOB3) teve declínio de 2,16%. A companhia anunciou também nesta manhã a comprou o grupo chileno Tiaxa por até 38 milhões de dólares.

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