Ibovespa em dólar cai quase 2% e dólar e juros futuros disparam após Trump anunciar tarifa para Brasil

O anúncio de uma nova tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causa uma “turbulência” nos ativos brasileiros logo após o fechamento do pregão regular.
Por volta de 17h40 (horário de Brasília), o Ibovespa em dólar acelerou as perdas. O iShares MSCI Brazil (EWZ), fundo de índice (ETF, na sigla em inglês) negociado na Bolsa de Nova York (NYSE) e que replica o desempenho do mercado acionário brasileiro, registrava queda de 1,56%, a US$ 27,72.
No pregão regular, o Ibovespa perdeu quase 2 mil pontos e terminou o pregão com queda de 1,31%, aos 137.480,79 pontos. Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5024, com alta de 1,04%, no maior nível desde 25 de junho.
Os investidores já precificavam uma eventual tarifa adicional dos Estados Unidos. Desde o último fim de semana, Trump fez inúmeras ameaças tarifárias ao ao Brics — bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que tem Egito, Etiópia, Indonésia, Irã e Emirados Árabes Unidos como membros desde o ano passado.
Segundo ele, o bloco econômico foi criado pata desvalorizar o dólar.
Na tarde desta quarta-feira (9), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou que não havia “nenhuma razão” para o aumento de tarifas dos EUA sobre o Brasil.
“Eu não vejo nenhuma razão para aumento de tarifa em relação ao Brasil. O Brasil não é problema para os Estados Unidos, é importante sempre reiterar isso”, afirmou Alckmin após participar de evento na sede do MDIC, em Brasília. “Os Estados Unidos têm, realmente, um déficit de balança comercial, mas com o Brasil têm superávit.”
O anúncio da tarifa ‘recíproca’ de 50% sobre o Brasil foi anunciada pelo chefe da Casa Branca minutos após o fechamento dos mercados. A taxa de entrar em vigor em 1º de agosto.
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Mercados futuros
O Ibovespa futuro registra baixa de mais de 2%. No mesmo horário, o índice caía 2,59%, aos 137.585 pontos.
Os juros futuros de médio e longo prazos firmaram alta e renovaram as máximas intradia, subindo mais de 20 pontos-base. As taxas do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2031, por exemplo, encerrou a sessão a 13,62% ante 13,45% do fechamento anterior Já a taxa do DI para janeiro de 2034 terminou o dia a 13,67%, após renovar a máxima a 13,70%, contra a taxa de 13,49% no ajuste anterior.
O dólar futuro para agosto renovou a máxima intradia a R$ 5,6320, com alta de 2,67%.
Pressão sobre as blue chips
As blue chips, que são as ações das empresas mais valiosas e com maior liquidez na bolsa brasileira, também foram pressionadas pelo ‘tarifaço’ de Trump.
Perto das 18h (horário de Brasília), os American Depositary Receipts (ADRs) da Embraer (ERJ) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse) registravam queda de 8,13%, a US$ 52,55. Já os ADRs da Petrobras (PBR) tinha queda de 1,55%, a US$ 12,88, e os da Vale (VALE) caíam 1,52%, a US$ 9,71.
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