Ibovespa tem o pior desempenho de retornos desde 2015: As ações com mais retornos de 2024
O Ibovespa encerrou 2024 com uma performance que remete aos tempos de instabilidade econômica e política vividos no período pré-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Dos 250 pregões realizados ao longo do ano, apenas 123 apresentaram rentabilidade positiva, representando 49,2% do total — a menor proporção desde 2015, quando o índice acumulou apenas 46,12% de pregões positivos.
Entre 2012 e 2015, o mercado já havia atravessado uma fase semelhante, com frequência inferior a 50% de dias de alta.
A recorrência desse cenário em 2024 reflete um ambiente desafiador para investidores, marcado por alta volatilidade e um cenário macroeconômico incerto.
Ações Resilientes: Destaques do Ano
Apesar do desempenho geral desfavorável do Ibovespa, uma análise conduzida pela Elos Ayta revelou que 30 ações, de um universo de 176 pertencentes aos índices Ibovespa, Small Caps, IDIV e IBRX100, registraram rentabilidade positiva em pelo menos 50% dos pregões de 2024. Este grupo de ativos se destacou pela consistência, mesmo em um ano desafiador.
O setor de energia elétrica liderou em número de participantes, com cinco representantes, seguido por alimentos processados, previdência e seguros, e água e saneamento, cada um com três ações. Entre as companhias que mais chamaram atenção estão:
- Embraer (EMBR3): Registrou 54,8% de pregões positivos, com uma valorização anual de impressionantes 150,96%. No entanto, a volatilidade elevada (39,42) demonstra os riscos associados às flutuações do papel.
- Ambipar (AMBP3): Apresentou 54% de pregões positivos e acumulou uma valorização extraordinária de 700% no ano. Apesar disso, a alta volatilidade (111,33) e a falta de distribuição de dividendos são pontos de atenção.
- Caixa Seguridade (CXSE3): Com 54,4% de pregões positivos, destacou-se pela estabilidade relativa (volatilidade de 24,78) e um dividend yield atrativo de 8,37%.
Volatilidade e Dividendos
Entre as ações analisadas, as menos voláteis incluíram BB Seguridade (BBSE3), Banco do Brasil (BBAS3) e Alupar (ALUP11), com volatilidades de 15,31, 16,93 e 17,53, respectivamente.
Essas empresas também se destacaram por oferecer rendimentos consistentes, reforçando sua atratividade para investidores conservadores.
Por outro lado, seis ações do grupo não distribuíram dividendos em 2024, entre elas Embraer, Clearsale (CLSA3) e Ambipar, o que pode limitar sua atratividade para investidores focados em renda passiva.
Maiores Ganhos e Perdas
Na ponta dos ganhos, além da Ambipar, Clearsale (+162,4%) e Embraer se destacaram. Em contrapartida, sete ações encerraram o ano com perdas, lideradas por Recrusul (RSCL3), com queda de 33,33%, e Moura Dubeux (MDNE3), com retração de 15,45%.
As maiores variações diárias também merecem menção: Ambipar registrou a maior alta em um pregão (+41,41%), enquanto Recrusul teve a maior queda diária (-31,36%).
Relevância para Day Traders e Investidores de Curto Prazo
A análise dos múltiplos das empresas, como volatilidade e frequência de pregões positivos, é especialmente relevante para investidores que operam com estratégias de curto prazo, como day traders.
Esse grupo pode identificar oportunidades de maior rentabilidade em ativos com alta recorrência de desempenho positivo.
No entanto, é crucial alertar que decisões baseadas apenas no momento de entrada ou saída podem levar a perdas significativas, caso o comportamento do mercado mude abruptamente.
Investidores mais experientes sabem que analisar os fundamentos e o histórico dos ativos é essencial para tomar decisões mais assertivas.
Empresas como Embraer e Ambipar, por exemplo, apresentam alto potencial de retorno, mas também carregam riscos inerentes à sua volatilidade elevada. Essa avaliação cuidadosa pode ajudar a evitar prejuízos e otimizar ganhos, mesmo em mercados adversos.
Contexto Histórico
Uma análise de longo prazo revela que o percentual de pregões positivos do Ibovespa tem se mantido relativamente estável desde 2016, geralmente acima de 50%.
O recuo em 2024 indica um retrocesso, trazendo à tona desafios estruturais que o mercado brasileiro precisa enfrentar para atrair novamente a confiança dos investidores.
Considerações Finais
Embora o Ibovespa tenha enfrentado um ano de desempenho modesto, a resiliência de certos ativos destaca a importância de uma seleção criteriosa para identificar oportunidades em tempos adversos.
Investidores que privilegiaram empresas com fundamentos sólidos e exposição controlada ao risco encontraram nichos de rentabilidade mesmo em um mercado desafiador.
O comportamento dos ativos em 2024 ressalta a relevância de setores tradicionais como energia elétrica e alimentos, aliados a empresas com gestão eficiente e potencial de crescimento. Essa lição se torna ainda mais valiosa à medida que o mercado se prepara para 2025, buscando um retorno a um cenário mais favorável.