Ibovespa (IBOV) tem longo caminho para ‘andar’ (antes da Selic cair) e mira os 120 mil pontos
O Ibovespa (IBOV) começou esta semana dando os primeiros sinais de correção do rali recente. Até ontem, o principal índice acionário da renda variável brasileira havia subido em dez de 12 pregões seguidos, cravando três semanas consecutivas de alta e acumulando valorização de 5,5% em maio.
Nesta terça-feira, porém, o Ibovespa caminha para encerrar em queda pela segunda sessão seguida. Daí, então, os investidores se perguntam: há espaço para avançar mais?
Graficamente, o Itaú BBA explica que essa pausa na subida observada desde segunda-feira (22) era esperada. Ou seja, depois de atingir o objetivo em 110,5 mil pontos, o Ibovespa parou para recompor o fôlego.
No entanto, a tendência de curto prazo continua, afirma o time de análise técnica do Itaú BBA. Portanto, permanece a expectativa de que o índice à vista possa continuar o movimento rumo aos 114,9 mil pontos.
Já o analista técnico da XP Investimentos, Gilberto Coelho, vai além. Segundo ele, se o Ibovespa superar a marca dos 111.650 pontos, tende a retomar o canal de alta rumo aos 120 mil pontos.
Ibovespa vê fundamentos
Mas não são apenas os gráficos que indicam uma trajetória favorável para a bolsa brasileira. Em termos de fundamentos macroeconômicos, boa parte do comportamento do Ibovespa está atrelado à convicção dos mercados na queda da taxa Selic em breve.
No entanto, o analista da Guide Investimentos, Matheus Haag, observa que a alocação dos investidores locais em ações ainda é baixa. Ao mesmo tempo, a posição vendida (aposta na queda) na B3 ainda está elevada.
Tanto que os fundos multimercados ainda parecem pouco alocados em ações. Em contrapartida, a renda fixa ainda teve um desempenho relativamente melhor em abril e no acumulado de 2023 até agora.
Para o analista da Guide, são esses fatores que justificam a expectativa de alta do Ibovespa. “As ações ainda têm um longo caminho para ‘andar’ antes de deixar de ser uma boa opção de investimentos”, avalia.
Ibovespa é a melhor
E isso vale também quando se compara a bolsa brasileira com outros mercados globais. “O Brasil está melhor em uma base relativa, quando comparado a outros emergentes e países desenvolvidos”, avalia um diretor da tesouraria de um banco estrangeiro.
O profissional cita dados de outros ativos. Por exemplo, enquanto o título soberano dos Estados Unidos de 5 anos (T-note) subiu, em média, de 3,5% desde meados de abril para 3,8% hoje; os contratos de juros futuros (DIs) retiraram prêmios de forma maciça.
A taxa de mesmo vencimento, por exemplo, está apenas 10 pontos acima das mínimas do ano (11,3%). Já em relação ao dólar, o real brasileiro lidera o ranking de retorno quando comparado a moedas emergentes, como os pesos mexicano e chileno.
“Então, sim, o real é a melhor moeda do mundo e as taxas locais têm desfrutado uma tendência de desempenho superior”, avalia. Para ele, isso significa que o Brasil é o melhor investimento do ano – não só em termos absolutos, mas também relativos – confirmando a visão de que o Brasil é a história ‘longa’ (comprada) em um mundo ‘curto’ (vendido).