Wall Street ofusca resultado recorde de Petrobras e Ibovespa recua quase 3%
O Ibovespa (IBOV) fechou em forte queda nesta quinta-feira, contaminado pelo declínio em Wall Street em meio a preocupações com os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, o que ofuscou o resultado recorde da Petrobras (PETR4).
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,95%, a 112.256,36 pontos, praticamente cimentando terceira perda semanal consecutiva. O volume financeiro somou 40 bilhões de reais.
Para alguns especialistas, muitas expectativas de crescimento futuro já foram incorporadas, enquanto não há novos catalisadores para mais compras. O comportamento dos Treasuries acaba servindo como argumento para realizar lucro.
No Brasil, a Guide Investimentos destacou que o presidente Jair Bolsonaro voltou a trazer temores ao mercado, após comentários ambíguos e preocupantes referentes à Petrobras.
Bolsonaro afirmou que todas as estatais precisam cumprir uma função social e é inadmissível um presidente de uma dessas companhias que não tenha essa compreensão.
Na visão dos analistas da Guide, o comentário preocupou o mercado pois, por mais que não implique necessariamente uma interferência dos preços, é altamente ambíguo.
“O que exatamente significa essa ‘nova dinâmica’? Será um fundo de recursos estabelecido por meio dos royalties para suprir as demandas dos caminhoneiros? Será uma intervenção de preços? Não se sabe exatamente, a volatilidade e o comportamento errático do presidente voltam intensificar incertezas.”
Destaques
Petrobras (PETR4) fechou em queda de 4,96%, sucumbindo à deterioração externa, após subir 3,48% na máxima do dia, na esteira do forte resultado do quarto trimestre.
Não ajudou o presidente Jair Bolsonaro afirmar que toda estatal tem que cumprir uma função social.
Ultrapar (UGPA3) despencou 7,52%, após queda da receita no último trimestre do ano passado, com o resultado operacional medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, excluindo efeitos não recorrentes, caindo 11%.
WEG (WEGE3) desabou 8,30%. Analistas do Bradesco BBI saíram de teleconferência da empresa avaliando que ela está bem posicionada para captar novos projetos com suas soluções já desenvolvidas, mas disseram continuar cautelosos quanto ao ritmo de recuperação da carteira de equipamentos industriais.
Vale (VALE3) caiu 2,27%, também afetada pelo exterior, antes do balanço previsto para após o fechamento da bolsa. Projeções compiladas pela Refinitiv apontam resultado operacional medido pelo Ebitda de 8,98 bilhões de dólares. Ações de siderurgia e mineração como um todo recuaram fortemente.
Sulamérica (SULA11) recuou 4,32%, após o lucro líquido das operações continuadas de outubro a dezembro desabar 90% contra um ano antes, para 42,6 milhões de reais.
BTG Pactual (BPAC11) caiu 3,26%, no pior desempenho entre os bancos do Ibovespa.
Itaú Unibanco (ITUB4) perdeu 2,87% e Bradesco (BBDC4) fechou em baixa de 2,37%.
Ambev (ABEV3) caiu 3,47%, mesmo após crescimento de volumes e receitas, uma vez que as margens continuaram pressionadas e a fabricante de bebidas estimou impactos significativos de câmbio, assim como de commodities, que pressionarão a margem Ebitda em 2021.
Multiplan (MULT3) subiu 0,45%, uma das duas altas do Ibovespa nesta sessão. A partir de sexta-feira, o papel será excluido da composição do MSCI Global Standard Index e incluído no índice MSCI Global Small Cap, como parte do rebalanceamento trimestral.