Ibovespa só terá paz na segunda metade de 2022, apontam analistas
O Ibovespa (IBOV) segue o seu ritmo de queda, iniciando o ano na iminência de perder os 100 mil pontos. Nesta segunda-feira (10), o índice caiu 0,75%, a 101,9 mil pontos. Mais cedo, a Bolsa chegou a derreter 1,5%.
O vilão é mais uma vez a alta dos juros aqui no Brasil e lá fora nos EUA. Os rendimentos dos Treasuries (títulos públicos americanos) de dez anos subiram para o maior patamar desde o início de 2020 nesta manhã.
Na visão de Naio Ino, responsável pela mesa de trading de equities da Western Asset, em entrevista ao Money Times, o Brasil está colado com a dinâmica externa.
“Há muitas discussões em relação ao destino do Fed [Federal Reserve] e qual vai ser a velocidade de ajuste. Tudo isso tem feito preço”, diz.
Adeus, 100 mil pontos?
Segundo Ino, há uma série de dados que o mercado estará de olho nesta semana, como o IPCA (Índice de Preço ao Consumidor), principal termômetro da inflação aqui no Brasil que será divulgado amanhã, e falas de Jerome Powell em audiência no Senado americano. Se os dados vierem pior que o esperado, é possível que o índice perca seus 100 mil pontos, afirma.
“Por mais que o Ibovespa tenha caído bastante, não vejo a Bolsa aqui escapando de uma piora do cenário externo”, completa.
Pedro Galdi, da Mirae Asset, também acrescenta a aversão ao risco com a política monetária do Fed e o avanço da Covid-19 como fatores negativos para o Ibovespa no curto prazo.
Quando chegará a paz?
Para Ino, da Western Asset, as coisas devem começar a entrar nos eixos no terceiro e quarto trimestre, quando os cenários estiverem mais bem resolvidos.
“Hoje você tem uma combinação de cenários que torna a visibilidade complicada. Na medida que você tiver definições ao nível local, como as eleições, isso dará mais clareza e confiança para que o mercado monte posições mais agressivas”, afirma.
Gaudi, da Mirae Asset, também concorda com a visão e projeta o Ibovespa a 120 mil pontos até o fim do ano.
Já o Itaú BBA estima que o índice encerrará o ano em 115.000 pontos, abaixo da projeção anterior do banco para o fim de 2021, de 120.000 pontos, segundo relatório dos estrategistas Marcelo Sá e Matheus Marques.
A nova projeção sugere potencial de alta de 12% em relação ao fechamento de sexta (7), mas foi pressionada por um cenário de juros mais altos, preços de commodities menores e contração do PIB.
A previsão do banco é mais baixa do que a estimativa média de dez estrategistas monitorados pela Bloomberg para o fim de 2022, de 127.000 pontos.
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