Mercados

Ibovespa sente o tranco do coronavírus e derrapa; Azul, Gol e CVC Brasil derretem

18 mar 2020, 12:49 - atualizado em 18 mar 2020, 12:56
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Azul não escapa do efeito coronavírus (Imagem: REUTERS/Rafael Marchante)

Após respiro na véspera, o Ibovespa renovou mínima intradia desde agosto de 2017 nesta quarta-feira, em sessão de fortes perdas na bolsa paulista, conforme o mercado segue volátil diante de preocupações persistentes sobre reflexos da pandemia de coronavírus nas economias e nos resultados de empresas.

Às 12:47, o Ibovespa (IBOV) caía 9,06%, a 68.207,58 pontos. O volume financeiro somava 9 bilhões de reais. Na véspera, o Ibovespa fechou em alta de 4,85%, a 74.617,24 pontos, em sessão de recuperação técnica.

O clima também era negativo nos mercados acionários no exterior, com as notícias sobre novos estímulos da véspera perdendo lugar para sinais crescentes dos danos da pandemia nas companhias. Em Wall Street, o S&P 500 cedia %.

Gol sente forte o impacto da pandemia (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

“Investidores seguem avaliando efetividade dos estímulos fiscais e monetários no amortecimento dos impactos econômicos derivados do surto do Covid-19”, observou a equipe da Guide Investimentos. “Na falta de uma melhora no horizonte, alertas de recessão iminente continuam falando mais alto.”

No Brasil, após pacote de estímulos anunciado pelo governo, investidores estão na expectativa do desfecho de reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central nesta quarta-feira, principalmente com a chance de um corte nos juros.

Também no radar estava anúncio do governo na terça-feira de que vai pedir ao Congresso o reconhecimento de estado de calamidade pública devido à pandemia do novo coronavírus e seus impactos na saúde dos brasileiros e na economia do país.

A medida, se aprovada, abre espaço para o governo elevar seus gastos sem precisar cumprir a meta fiscal.

“O mercado está preocupado e acreditamos que as coisas devem piorar antes de melhorar nos próximos dois meses, o que vai mexer muito com o emocional dos investidores”, afirmou o analista de ações Thiago Salomão, da Rico Investimentos.

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Destaques

Setor turístico míngua com coronavírus (Imagem: Money Times/Vitória Fernandes)

Azul (AZUL4) cedia 28%, maior queda do Ibovespa, renovando cotações mínimas históricas, em meio a preocupações sobre o efeito da pandemia em seus resultados, além do impacto do dólar, que hoje chego a superar 5,20 reais.

A companhia já anunciou corte de capacidade e suspensão de vários voos. Gol (GOLL4), que também anunciou redução de capacidade e suspensão de voos internacionais, caía 18,5%. CVC Brasil (CVCB3) perdia 21,5%.

brMalls (BRML3) caía 14,8%, tendo de pano de fundo suspenderão das atividades de shopping centers no Rio de Janeiro como medida para prevenir a disseminação do novo coronavírus. A empresa também mudou horários de outros empreendimentos.

No setor, Multiplan (MULT3), que também suspendeu operações em alguns shoppings e alterou horário de funcionamento de outros, caía 9,3%.

Petrobras (PETR3; PETR4) recuavam 9,7% e 11%, respectivamente, em meio a um novo tombo dos preços do petróleo no exterior conforme aumentam as medidas que restrições a viagens e para isolamento social para tentar conter a disseminação do coronavírus.

Vale (VALE3) cedia 4,75%, em movimento amortecido pela alta dos preços do minério de ferro na China.

Bradesco (BBDC4) perdia 6,7%, após ajuste positivo na véspera, com Itaú Unibanco (ITUB4) recuando 6,6%. Banco do Brasil (BBAS3) caía 10%. A Fitch Ratings afirmou nesta quarta-feira que a pandemia de coronavírus vai testar a resistência de bancos brasileiros, uma vez que as instituições financeiras provavelmente vão apurar uma deterioração da qualidade de seus ativos e lucratividade.

Carrefour (CRFB3) subia 1,9%, única alta Ibovespa, após aumento de compras em supermercados no último fim de semana em razão de preocupações com a evolução do coronavírus no Brasil. Pão de Açúcar (PCAR4), do grupo GPA, cedia 4,5%.

Via Varejo (VVAR3) caía 27%, segunda maior queda do Ibovespa, também afetada pelas perspectivas de menor crescimento no país, logo menos consumo.

O UBS cortou sua previsão para o crescimento da economia brasileira para 0,5%, ante 1,3%. O Credit Suisse revisou sua estimativa e agora vê estagnação da economia, de expansão de 1,4% antes.