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Ibovespa salta mais de 2% e opera nas máximas do ano; o que impulsionou o índice?

21 mar 2025, 18:47 - atualizado em 21 mar 2025, 18:47
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O Ibovespa avançou mais de 2% com entrada de fluxo estrangeiro e marcada por decisões de política monetária (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa (IBOVengatou a terceira semana consecutiva de ganhos, em meio às decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. Estímulos na China e repercussão de balanços corporativos também movimentaram o mercado doméstico nos últimos dias.

O principal índice da bolsa brasileira acumulou alta de 2,63% nos últimos cinco pregões e encerrou a última sessão no maior nível do ano, acima dos 132 mil pontos. O Ibovespa também teve a maior série de ganhos de 2025, com seis altas consecutivas.

No mês, o Ibovespa já acumula ganhos de 7,77% e no ano, a valorização é de mais de 10%.

O que impulsionou o Ibovespa?

A forte valorização do Ibovespa foi uma combinação de fatores, com mais peso no exterior.

Na avaliação da analista da Empiricus, Laís Costa, a semana foi positiva para as bolsas emergentes com entrada de fluxo estrangeiro, em meio às incertezas geopolíticas e previsão de desaceleração da economia dos Estados Unidos. “Na semana, as bolsas da América Latina tiveram saldo positivo”, disse.

Confira a seguir os principais motivos que impulsionaram o Ibovespa:

1 – Estímulos na China

No fim de semana, a China anunciou um plano de iniciativas para aumentar o consumo interno. Entre as medidas prometidas estão um ajuste no salário mínimo e estabilidade do mercado de ações. As medidas impulsionaram as commodities — o que tende a beneficiar países emergentes e exportadores, como o Brasil.

“Sendo a segunda maior economia do mundo e contando com um extenso mercado doméstico, medidas que visam estimular o consumo das famílias chinesas tendem a impulsionar a demanda por bens e produtos globais, beneficiando especialmente as economias com fortes laços comerciais com o país asiático. O Brasil, como um dos principais parceiros comerciais da China, está bem posicionado para se beneficiar desse movimento”, disse Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

2- Juros no Brasil

Já na última quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic para 14,25% ao ano — cumprindo o guidance dado em dezembro. No comunicado, o colegiado do Banco Central sinalizou uma nova alta na taxa básica de juros na próxima reunião, em maio.

“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião”, disse o comunicado.

O mercado reagiu positivamente à decisão, que veio em linha com o esperado.

3 – Juros nos Estados Unidos

O Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) manteve as taxas inalteradas, no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano. Também manteve a projeção de dois cortes, de 25 pontos-base, nos juros em 2025 no gráfico de pontos (dot plot)— enquanto o mercado esperava uma revisão para apenas um corte.

O Fed, porém, elevou as projeções para inflação para 2025 e 2026. A autoridade monetária norte-americana também projeta um Produto Interno Bruto (PIB) mais fraco e desemprego maior.

As decisões do Fed em manter os juros e o Copom de elevar a Selic aumentou ainda mais o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, o que tende a favorecer o câmbio e os ativos domésticos, com a bolsa brasileira, ao atrair mais recursos de investidores estrangeiros

4 – Cenário doméstico

No cenário doméstico, os investidores repercutiram o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br). Considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o índice registrou alta de 0,89% em janeiro sobre o mês anterior, em dado dessazonalizado, e ficou bem acima da expectativa do mercado.

Na avaliação do Bank of America (BofA), o número não altera a visão de que há uma desaceleração da atividade em curso, “pois a expansão foi provavelmente motivada por um retorno nas vendas do varejo amplo após impressões negativas em novembro e dezembro”.

Segundo os economistas do banco, a maioria dos indicadores de atividade econômica seguem mostrando contração ou neutralidade. O BofA manteve a projeção de crescimento de 2% do PIB brasileiro em 2025.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o projeto de lei (PL) sobre a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil por mês — sem novidades em relação ao que o governo já havia anunciado. A proposta também prevê a isenção parcial do IR para aqueles que ganham entre R$ 5 mil e R$ 7 mil.

“Sem surpresas negativas no endereçamento do projeto e o tom ameno adotado pelo presidente durante a apresentação do projeto também foi interpretado como um sinal positivo, contribuindo para a valorização dos ativos de risco domésticos”, disse Shahini, da Nomad.

O Congresso ainda aprovou o projeto de lei orçamentária (LOA) de 2025, três meses após o prazo, prevendo um superávit de R$ 15 bilhões. O texto tem um limite de despesas de R$ 2,2 trilhões dentro do arcabouço fiscal.

O que esperar do Ibovespa

De acordo com a análise técnica do Itaú BBA, o Ibovespa segue em tendência de alta. “Essa é uma semana de confirmação da recuperação das perdas nos mercados norte-americanos e confirmação dos ativos brasileiros negociarem em suas máximas de 2025”, disse a equipe liderada por Fábio Perina em relatório.

Para os analista o próximo suporte do Ibovespa é aos 133 mil pontos, com a possibilidade de seguir rumo à máxima histórica em 137.469 pontos.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
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