Ibovespa segue machucado por furo no teto e desfaz romance com novo governo
O Ibovespa voltou a sangrar um pouco mais ontem (16), em meio às especulações sobre a PEC da transição, que acabaram confirmando as expectativas mais temidas. O anúncio foi feito apenas após o fechamento do pregão local, o que deve manter a sangria no mercado financeiro hoje (17).
De uma forma geral, o novo governo não só pediu um “puxadinho” no valor de R$ 175 bilhões para financiar os gastos com o Bolsa Família como também quer uma cota de 40% de receitas extras para investimentos. O problema é que não há nenhuma proposta sobre como “arrumar a casa”, sinalizando qualquer ajuste nas contas públicas no longo prazo.
Ao contrário, as novas despesas fora do teto serão feitas por tempo indeterminado. Essa indefinição desfaz o romance entre o mercado e o presidente eleito, com a lua-de-mel de início de mandato tendo vida curta. O fato é que Luiz Inácio Lula da Silva vai tomar posse em janeiro e já pediu ao Congresso uma licença para acomodar promessas de campanha.
O argumento da equipe econômica de transição é de que responsabilidade social e fiscal podem andar juntas. Daí, então, o impasse. Enquanto o novo governo não quer abrir mão da primeira para cumprir a segunda, o mercado mostra que não tem memória curta e que essa política econômica já deu errado no Brasil e em vários outros países do mundo.
Ibovespa e dólar seguem machucados
Diante disso, espere por mais volatilidade nos negócios locais. Afinal, considerando-se a reação recente, o Ibovespa e o dólar tendem a seguir pressionados nesta quinta-feira. Ao menos essa é a sinalização para os ativos brasileiros vinda do exterior.
Ontem, a bolsa brasileira chegou a perder a marca dos 110 mil pontos, enquanto o dólar se aproximou da faixa de R$ 5,40. Ao mesmo tempo, os juros futuros já vislumbram uma alta da Selic diante dos temores de uma dívida de 100% em relação ao PIB, deprimindo o crescimento econômico e puxando a inflação para cima.
Enquanto isso, lá fora os ativos de risco abrem próximos à estabilidade, após uma quarta-feira com viés mais negativo. Aliás, essa sinalização dá sustentação a movimentos rápidos e acentuados, ainda que pontuais, de recuperação.
A ver, então, como fica o apetite dos investidores, especialmente os estrangeiros, diante desse noticiário em um momento em que Lula diz que o Brasil voltou, recolocando o país na cena global. Afinal, como se sabe, gringo loves Lula; Faria Lima não.
A seguir, veja o desempenho dos mercados financeiros por volta das 7h45:
EUA: o futuro do Dow Jones caía 0,18%; o do S&P 500 recuava 0,14%; enquanto o Nasdaq tinha baixa de 0,06%;
NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) caía 0,98%, a 29.44 pontos no pré-mercado; nos ADRs, Vale tinha queda de 0,20%, enquanto o da Petrobras subia 1,12%;
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 caía 0,17%; a bolsa de Frankfurt subia 0,32%; a de Paris tinha queda de 0,41% e a de Londres recuava 0,37%;
Câmbio: o índice DXY tinha alta de 0,27%, a 106.57 pontos; o euro cedia 0,38%, a US$ 1,0357; a libra caía 0,41%, a US$ 1,1866; o dólar tinha alta de 0,18% ante o iene, a 139,86 ienes;
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,746%, de 3,693% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,374%, de 4,387%, na mesma comparação;
Commodities: o futuro do ouro recuava 0,59%, a US$ 1.765,20 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI caía 0,76%, a US$ 84,94 o barril; o do petróleo Brent cedia 0,47%, a US$ 94,43 o barril; o contrato futuro mais líquido do minério de ferro negociado em Dalian (China) fechou em alta de 0,21%, a 729,50 yuans a tonelada métrica.
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