Ibovespa fecha em alta de 1,3% com ânimo sobre vacina da Covid-19; Sabesp salta 8%
O Ibovespa (IBOV) fechou em alta de mais de 1% nesta quarta-feira, embalado pelo clima positivo nos mercados no exterior em meio a sinais promissores sobre o desenvolvimento de vacina contra o Covid-19, com Sabesp (SBSP3) entre os maiores ganhos, após sanção do novo marco regulatório do saneamento no país.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa terminou com acréscimo de 1,34%, a 101.790,54 pontos, nova máxima desde março. No melhor momento da sessão, chegou a 102.113,51 pontos. Na mínima do dia, marcou 100.444,28 pontos.
O volume financeiro somou 28,6 bilhões de reais, em sessão também marcada pelo vencimento dos contratos de opções do Ibovespa.
A bolsa paulista abriu já sob efeito positivo dos mercados no exterior após notícia de que a vacina experimental para o novo coronavírus produzida pela norte-americana Moderna provocou respostas seguras em todos os 45 voluntários saudáveis, de acordo com estudo em etapa inicial.
Investidores agora aguardam dados de testes clínicos em estágio inicial em humanos de vacina que está sendo desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford previstos para segunda-feira.
Em Wall Street, a trajetória de alta ainda encontrou respaldo no lucro acima do esperado do Goldman Sachs, bem como em dados econômicos mais fortes e no Livro Bege do Federal Reserve. O S&P 500 subiu 0,9%.
No documento, o banco central dos Estados Unidos relatou que empresas norte-americanas viram aumento na atividade no início de julho, à medida que os Estados reduziram as restrições que visavam conter a nova pandemia de coronavírus.
Na visão de Bruno Madruga, chefe de renda variável da Monte Bravo Investimentos, o Livro Bege foi um dado importante que ajudou na alta. “Isso realmente é positivo para os mercados”, afirmou, ponderando, contudo, que ainda há muitas incertezas, com o aumento de casos de Covid-19 nos EUA ainda no radar.
Madruga disse, porém, que permanece otimista em relação à bolsa brasileira, uma vez que não se vê nenhum sinal de elevação da taxa de juros. A queda da Selic para níveis extremamente baixos tem sido apontada como um dos principais fatores para a forte recuperação do Ibovespa nos últimos meses.
No Brasil, o Ministério da Economia manteve sua projeção de queda para o PIB em 2020 de 4,7%, citando a melhoria dos indicadores, reflexo do “efeito positivo das políticas adotadas até então”. E, segundo o secretário de Política Econômica, quem fez projeções de queda do PIB acima de 6,5% para o Brasil terá que rever o número “com razoável grau de certeza”.
Destaques
– Sabesp (SBSP3) saltou 8,06%, após sanção presidencial do marco regulatório do saneamento básico, embora com 11 vetos, o que deve abrir caminho para o aumento da presença da iniciativa privada sobre o setor que hoje depende praticamente de entes estatais. O analista Vitor Sousa, da Genial Investimentos, vê Sabesp como o principal nome no caminho de uma privatização, dada a clara intenção do governador de São Paulo de privatizar a empresa além de uma relação risco versus retorno interessante. No setor de saneamento, fora do Ibovespa, a paranaense Sanepar (SAPR11) avançou 6,56% e a mineira Copasa (CSMG3) fechou com elevação de 4,39%.
– JHSF (JHSF3), que não está no Ibovespa, disparou 7,79%, para a máxima histórica de 10,51 reais, considerando fechamento. A companhia precifica ainda nesta quarta-feira oferta restrita de até 44.427.950 ações ordinárias, com distribuição primária e secundária.
– Lojas Americanas (LAME4) subiu 1,88%, após captar 7,87 bilhões de reais em oferta restrita de ações precificada na terça-feira, com parte desses recursos prevista para capitalização de sua controlada de comércio eletrônico B2W (BTOW3), que caiu 1,47%.
– Embraer (EMBR3) disparou 9,86%, também entre os destaques positivos. Mais cedo, a companhia informou que a suíça Helvetic Airways assinou contrato com a fabricante de aviões brasileira para converter quatro de seus pedidos firmes remanescentes para a aeronave maior da família E2, o E195-E2.
– CVC Brasil (CVCB3) fechou em alta de 8,72%, em meio ao clima mais positivo no mercado como um todo, com Gol (GOLL4) avançando 6,97% e Azul (AZUL4) subindo 4,51%, com sinais promissores sobre vacinas alimentando expectativas para uma melhora no setor de viagens e turismo.
– Suzano (SUZB3) valorizou-se 5,97%. Analistas do Bradesco BBI reiteraram recomendação ‘outperform’ e o preço-alvo de 58 reais para o papel, mas afirmaram que agora se trata da ação preferida no setor. “Acreditamos que o ciclo de celulose está prestes a mudar, com a combinação de melhor demanda global no segundo semestre e as paradas de capacidade elevando os preços”, afirmaram Thiago Lofiego e Isabella Vasconcelos.
– Vale (VALE3) subiu 0,15%, reagindo na segunda etapa. De pano de fundo, decisão judicial estabeleceu que a companhia deve apresentar até 23 de julho garantias no valor de cerca de 7,9 bilhões de reais para assegurar eventuais pagamentos de multas pelo desastre de Brumadinho (MG). A Vale disse que irá recorrer. No setor, contudo, CSN (CSNA3) caiu 2,13%.
– Petrobras (PETR4) fechou com acréscimo de 1,92% e Petrobras (PETR3) mostrou elevação de 2,37%, tendo no radar alta dos preços do petróleo no exterior, em meio a uma queda acentuada nos estoques da commodity nos Estados Unidos, embora os ganhos tenham sido limitados pela decisão da Opep e aliados de reduzir seus cortes de oferta a partir de agosto.
– Bradesco (BBDC4) avançou 1,66%, endossando o viés positivo do Ibovespa, assim como Itaú Unibanco (ITUB4), que subiu 0,7%.