Ibovespa recua com desconforto fiscal, mas fecha acima de 100 mil pontos com ajuda de NY
Preocupações com a situação fiscal brasileira voltaram a pressionar a bolsa paulista nesta quarta-feira, com o Ibovespa (IBOV) chegando a trabalhar abaixo dos 100 mil pontos no pior momento, apesar de novas máximas registras em Wall Street.
Índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa caiu 1,46%, a 100.627,33 pontos. Na mínima, chegou a 99.359,36 pontos.
O volume financeiro somou 29,5 bilhões de reais.
O clima no pregão azedou após declarações do presidente Jair Bolsonaro que evidenciaram desacordo com a sua equipe econômica quanto aos planos relacionados à criação do Renda Brasil e fomentaram novos ruídos envolvendo o ministro Paulo Guedes.
Bolsonaro disse que rejeitou proposta apresentada pelo Ministério da Economia para o Renda Brasil porque ficou insatisfeito com os cortes de programas como o abono salarial para financiar o novo projeto.
“A bolsa refletiu o mal estar provocado pelas palavras do presidente e seu potencial efeito fiscal, além de novas especulações sobre suposta saída de Guedes do governo”, observou o superintendente da mesa de operações da Necton, Marcos Tulli.
A extinção do abono representava a espinha dorsal do plano de foco nos mais pobres pretendida por Guedes no Renda Brasil.
Na sequência, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse compreender a dificuldade externada pelo presidente, mas afirmou que nada que desrespeite o teto de gastos será votado na Casa.
Também o ministério da Economia publicou nota negando uma coletiva de Guedes, para pedido de demissão. “Não procede marcação de coletiva para pedido de demissão. Ministro continua despachando normalmente”, disse.
Os comentários de Maia e a nota da Economia, combinados com a aceleração das altas nos pregões em Nova York, ajudaram a tirar o Ibovespa das mínimas e recuperar os 100 mil pontos.
Nos EUA, o S&P 500 (SPX) e o Nasdaq (US100), renovaram recordes apoiados em ações de tecnologia após resultados e projeções das empresas Salesforce e HP Enterprise.
Destaques
Itaú Unibanco (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) recuaram 2,1% e 2,08%, afetados pelo ambiente mais avesso a risco que, no setor financeiro, ainda pesou na ação da B3 (B3SA3), que fechou em queda de 2,18%
Petrobras (PETR4) caiu 2,84%, também afetada pelo sentimento mais negativo, enquanto os preços do petróleo no exterior mostraram pequenas variações.
Petrobras (PETR3) recuou 2,86%.
Cemig (CMIG4)cedeu 4,23%, após acumular valorização de 6,4% nos últimos três pregões, com Eletrobras (ELET3) também passando por ajuste e caindo 4,71% após alta de 20,6% com série de quatro pregões no azul.
Rumo (RAIL3) caiu 3,84%, devolvendo a valorização de 3,48% da véspera, após precificar na segunda-feira oferta de ações a 21,75 reais por papel, o que resultou em aumento de capital de 6,4 bilhões de reais.
Notre Dame (GNDI3) Intermedica valorizou-se 3,24% na esteira de acordo para aquisição do Grupo Medisanitas Brasil, em movimento que analistas do BTG Pactual (BPAC11) classificaram como transformacional e muito positivo.
Magazine Luiza(MGLU3) subiu 2,44%, a 90,15 reais, novo recorde de fechamento, após anunciar programa de recompra de até 10 milhões de ações, com prazo de 18 meses.
Na máxima do dia, o papel chegou a 91,50 reais.
Vale (VALE3) subiu 0,21%, com a alta dos futuros do minério de ferro na China ajudando atenuar a pressão vendedora.
No setor de mineração e siderurgia, CSN(CSNA3) capitaneou as perdas, fechando em baixa de 1,55%.