Ibovespa recua após BC sinalizar alta mais rápida da Selic
O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta quarta-feira, após a ata da última reunião do Copom sinalizar um ritmo mais rápido de normalização monetária no país, embora a alta da Vale (VALE3) e a trajetória positiva em Wall Street tenham atenuado a perda.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,38%, a 128.767,45 pontos, chegando a perder o patamar dos 128 mil pontos no pior momento. O volume financeiro no pregão somou 30,7 bilhões de reais.
Para os economistas do Bank of America David Beker e Ana Madeira, o documento trouxe um tom mais ‘hawkish'”, sugerindo um ritmo de alta mais rápido e que a Selic poderia se mover acima do nível neutro.
A equipe de macroeconomia do Itaú Unibanco, chefiada pelo ex-BC Mario Mesquita, também ajustou projeções e agora prevê aumento de 1 ponto em agosto, com a taxa a 6,5% no final do ciclo (subindo 1, 0,75 e 0,5 ponto nas três próximas decisões).
Tal percepção, segundo o sócio da Rio Gestão André Querne, pressionou particularmente ações sensíveis ao comportamento das taxas de juros, como as de empresas de varejo, crédito, consumo, construção civil, setor imobiliário, concessão, entre outras.
Ele acrescentou que esse tipo de notícia traz certa volatilidade e corrobora realização de lucros, principalmente após o Ibovespa ter renovado máximas históricas no começo do mês. Mas que mantém uma visão construtiva para a bolsa em 2021.
Um dos argumentos de Querne para tal prognóstico é de que o exterior deve continuar favorável, na esteira da recuperação norte-americana e expectativa de que o Federal Reserve não promova um mudança drástica em relação aos estímulos monetários.
“Não vamos elevar os juros preventivamente porque tememos o possível início da inflação. Vamos aguardar por evidências de inflação real ou outros desequilíbrios”, disse Powell.
Destaques
Itaú Unibanco (ITUB4) fechou em queda de 1,29%, tendo também no radar votação no Senado do aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das instituições financeiras.
Bradesco (BBDC4) recuou 1,84%.
Tim (TIMS3) caiu 3,96% e Telefônica Brasil (VIVT3) perdeu 2,75%, em meio a receios sobre a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) acerca da aquisição pelas empresas em conjunto com a Claro das operações de redes móveis da Oi.
CCR (CCRO3) recuou 2,93%, em sessão negativa para papéis de empresas que tem correlação maior com o movimento dos juros sofrendo, incluindo Multiplan (MULT3), que caiu 2,65%.
Vale (VALE3) avançou 1,17%, apesar da queda dos preços dos contratos futuros do minério de ferro na China.
No setor de mineração e siderurgia, destaque também para CSN (CSNA3), que valorizou-se 1,12% após anunciar programa de recompra de ações.
GPA (PCAR3) subiu 2,9%, em meio especulações envolvendo a participação do Grupo Casino no varejista. Mais cedo, a dona da marca Pão de Açúcar disse que nenhum banco foi contratado e que não há processo de venda da fatia do Grupo Casino na companhia.
CVC Brasil (CVCB3) ganhou 2,45%. O conselho de administração aprovou aumento do capital social de até 480 milhões de reais, mediante a emissão de no máximo 25.104.603 ações para subscrição privada por 19,12 reais cada.
Totvs (TOTS3) fechou em alta de 2,42%, renovando máximas históricas. Relatório do Credit Suisse reiterou recomendação “outperform” para os papéis e elevando o preço-alvo de 35 para 43 reais.
Petrobras (PETR4) subiu 0,52%, apesar da fraqueza do petróleo no exterior. A Reuters noticiou que consórcios liderados pela 3R Petroleum( RRRP3) e pela Seacrest Capital realizaram ofertas vinculantes por refinaria e diversos campos de petróleo da Petrobras.