Ibovespa recebe presente do exterior e aguarda boas-novas do governo
O Ibovespa tem tanta coisa para olhar nesta quarta-feira (18) que o investidor desatento pode acabar deixando escapar alguma coisa. A começar pela agenda de indicadores econômicos, que segue carregada lá fora.
Dados de atividade nos Estados Unidos e inflação na zona do euro, além da já anunciada decisão de juros no Japão, recheiam o calendário do dia. Isso sem falar na novela da Americanas, que deve ter novos capítulos hoje.
Mas enquanto ontem o Ibovespa olhou para China e Nova York em busca de uma direção para o dia, hoje o foco também se ajusta para Brasília. Por lá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reúne-se às 11h com centrais sindicais para debater o novo salário mínimo. Ao que tudo indica, o valor não será reajustado acima do previsto.
Ao mesmo tempo, há rumores de mudanças na Lei das Estatais. Aliás, o salto de 2% do Ibovespa ontem foi puxado por Petrobras e Banco do Brasil.
Portanto, esses balões de ensaio vindos da capital federal só atrapalham a relação entre governo e mercado. Afinal, cortar gastos para financiar mais despesas é um jogo de “soma zero”. E se o governo continuar tentando jogar contra o mercado, espere por uma renovada pressão no dólar e nos juros futuros, com impacto na inflação e no crescimento econômico.
Exterior presenteia Ibovespa
O fato é que a bolsa brasileira e o dólar vêm sendo presenteados pelo mundo neste início de 2023. A estabilização dos mercados globais, em especial das ações e dos preços das commodities, tem ajudado os ativos de risco domésticos.
Tanto que as ações cíclicas, ligadas à atividade econômica, têm tido desempenho melhor do que papéis defensivos. Tal dinâmica é consistente com a percepção de que a inflação no mundo não assusta mais.
Como resultado, os principais bancos centrais podem reduzir o ritmo de alta dos juros e até encerrar o ciclo de aperto. Porém, pode ser tarde demais para evitar uma recessão. Só que é improvável que os BCs mudem a postura e passem a cortar as taxas ainda neste ano.
Ou seja, o impacto econômico da política monetária agressiva ainda é uma ameaça aos ativos. Com isso, o sentimento favorável ao risco pode ter vida curta. Somente uma cooperação entre governo e mercado é capaz de equilibrar as pressões (sociais e financeira), favorecendo o desempenho do ativos locais.
Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h50:
EUA: o futuro do Dow Jones tinha leve baixa de 0,03%; o do S&P 500 oscilava em alta de 0,04%; enquanto o Nasdaq estava estável;
NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) subia 1,79% no pré-mercado; nos ADRs, o da Vale estava estável, enquanto o da Petrobras subia 0,71%;
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 tinha ligeiro ganho de 0,10%; a bolsa de Frankfurt caía 0,16%; a de Paris subia 0,09% e a de Londres avançava 0,17%;
Câmbio: o índice DXY caía 0,42%, a 101.96 pontos; o euro subia 0,63%, a US$ 1,0857; a libra ganhava 0,46%, a US$ 1,2344; o dólar tinha alta de 0,80% ante o iene, a 129,17 ienes;
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,485%, de 3,549% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,190%, de 4,211% na mesma comparação;
Commodities: o futuro do ouro tinha alta de 0,30%, a US$ 1.915,70 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI subia 1,75%, a US$ 81,86 o barril; o do petróleo Brent avançava 1,42%, a US$ 87,14 o barril; o contrato futuro mais líquido do minério de ferro (maio/23) negociado em Dalian (China) fechou em alta de 0,66%, a 839,50 yuans a tonelada métrica, após ajustes.