Mercados

Ibovespa: Qual é o fundo do poço para índice após duro golpe do Banco Central?

23 mar 2023, 13:10 - atualizado em 23 mar 2023, 13:15
B3-Ibovespa-Mercados-Ações
Ibovespa cai diante de balde de água fria do Banco Central em duro comunicado no pós-Selic (Imagem: Tuane Fernandes/Bloomberg)

O Ibovespa não resistiu ao duro golpe do Banco Central na noite de ontem e virou para queda, perdendo os 100 mil pontos. Por volta das 12h32, o índice exibia desvalorização de 0,65%, a 99.658 pontos.

Segundo o TradeMap, a última vez que o IBOV atingiu a marca abaixo de 100 mil pontos foi no dia 26 de julho de 2022, quando fechou em 99.772.

Além disso, o recuo vai na contramão dos mercados externos. Em Wall Street:

Nos Estados Unidos, apesar do dia negativo na última sessão após o Federal Reserve ter elevado os juros em 0,25 ponto percentual, hoje os investidores possuem uma leitura positiva, avaliando que altas menores virão pela frente após a quebradeira dos bancos do país.

Segundo a Reuters, apostas dos operadores estão quase igualmente divididas entre o Fed interromper os aumentos de juros em maio e outra alta de 25 pontos-base, de acordo com a ferramenta Fedwatch do CME Group.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mudança de humor com BC aqui

Os mercados aqui, no entanto, se ajustam ao tom mais duro adotado pelo Copom, quando manteve a Selic inalterada em 13,75%, sinalizando que não há espaço para corte de juros nos próximos meses –”inclusive sugerindo que, se necessário for, não hesitará em retomar o processo de ajuste na taxa”, destaca a Ágora Investimentos.

“O resultado prático disso, muito provavelmente, será a redução (ou extinção?) das apostas de queda da Selic já em maio ou junho. Alternativamente, a postura mais vigilante do Banco Central pode ajudar no processo de ancoragem das expectativas futuras de inflação”, completa.

Outro problema será o conflito entre o Banco Central e o Governo Federal. Na noite de ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad criticou o comunicado e o classificou como “muito preocupante”.

“O Copom chega a sinalizar até a possibilidade de uma subida da taxa de juros, que já é hoje a mais alta do mundo”, acrescentou.

“No mercado, há a percepção de que a temperatura entre o presidente Lula e o BC esquentará ainda mais, com potencialmente mais troca de farpas, pressão e críticas, o que pode contaminar o cenário”, observou o superintendente da Necton/BTG Pactual, Marco Tulli à Reuters.

“As medidas recentes do governo vão contra o movimento feito pelo Copom, que na véspera foi mais duro do que o governo esperava”, acrescentou.

O fundo do poço para o Ibovespa

A equipe do Itaú BBA diz que a perda dos 100.690 pontos abre caminho para mais quedas em direção aos 97.000 e 95.200 pontos.

“Existe alguma expectativa para reverter esse cenário? Sim, mas será preciso superar a primeira resistência em 102.500 pontos para iniciar um repique, que poderá estender até a região de 106.700 pontos”, calcula.

Os analistas dizem ainda que os índices americanos não ultrapassaram as resistências e fecharam próximos às mínimas do dia.

“Vale lembrar que ainda estão em tendência de baixa no curto e médio prazo. Por aqui, o índice perdeu a mínima da semana passada, aumentando a probabilidade de mais quedas à frente”, completa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
Leia mais sobre: