Mercados

Ibovespa pode perder os 100 mil pontos com ‘balde de água fria’ do Banco Central?

22 mar 2023, 20:38 - atualizado em 23 mar 2023, 1:54
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O mercado esperava por uma sinalização de que o Banco Central já estaria de olho em reajustes para baixo (Imagem: Fernandes/Bloomberg)

A decisão do Banco Central de manter a Taxa Básica de Juros (Selic) em 13,75%, além de não sinalizar para cortes no futuro, pode fazer com que o Ibovespa fique mais perto de perder o limite psicológico dos 100 mil pontos, destacam especialistas.

O índice fechou esta quarta-feira (22) em queda de 0,77%, a 100.221 pontos, já refletindo o pessimismo com o discurso de Jerome Powell, presidente do banco central dos Estados Unidos, de que não há espaço para cortes dos juros neste ano, mesmo com a quebradeira de bancos no país.

Embora não dê para cravar se o índice irá cair abaixo do patamar, fato é que o comunicado do Banco Central gerará estresse.

O mercado esperava por uma sinalização de que o Banco Central já estaria de olho em reajustes para baixo. O comunicado, por outro lado, mostrou uma autoridade monetária firme e que ignora as pressões do governo.

“O que eu interpreto é que os ativos de risco ficarão pressionados. Neste sentido, existe um cenário razoável, não desprezível, que a bolsa perca os 100 mil pontos”, discorre Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

O problema é que ainda existe a incerteza quanto ao teor do arcabouço fiscal – que ficou para depois da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana. Além disso, o cenário externo se deteriorou com a crise bancária causada pela quebra do Silicon Valley Bank (SVB).

Para André Perfeito, economista-chefe da Nova Futura, amanhã os juros curtos vão subir na perspectiva que a Autoridade Monetária irá conduzir uma política mais restritiva em 2023. “Quanto a isso não deve haver muitas dúvidas”, discorre.

Ainda segundo ele, o ruim é a elevação dos juros curtos, mas o mercado, por outro lado, pode ver nisso maior comprometimento do Banco Central em perseguir a meta em 2024 e assim a parte longa da curva cai, atenuando no longo prazo a alta no curto.

“O cenário desastroso implica em juros longos estáveis ou até em alta precificando a piora geral do ambiente institucional entre Planalto e BCB. Neste caso a bolsa pode sofrer fortemente além do mercado de crédito de maneira geral. Amanhã veremos como se dará o equilíbrio entre o presente e o futuro na curva de juros”, explica.

Rafael Passos, da Ajax Asset, argumenta que o comunicado do Banco Central ainda está duro.

“O foco principal segue no controle da inflação de longo prazo. A desaceleração da atividade local ficou em segundo plano. Toda aquela ideia de possibilidade de queda dos juros alimentada no final do ano passado morreu. Provavelmente cenário de baixa para a bolsa vai continuar”, discorre.

Com Juliano Américo

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