Mercados

Ibovespa perto dos 100 mil com retomada de negociações comerciais e BCs favoráveis a cortes de juros

18 jun 2019, 18:35 - atualizado em 18 jun 2019, 19:09
O Ibovespa subiu 1,82% a 99.404,39 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 15,4 bilhões e 74,24% das ações operando no positivo

Por Investing.com

A conversa por telefone entre o presidente dos EUA Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping para combinar retomada das negociações comerciais entre os dois países era o sopro de otimismo que os investidores internacionais aguardavam para retomada do apetite ao risco. Soma-se ao apaziguamento temporário da disputa comercial a expectativa de um Fed dovish no comunicado após reunião de política monetária amanhã, após o presidente do Banco Central Europeu Mario Drahi sinalizar hoje sobre flexibilização monetária na zona do euro com inflação abaixo da meta.

Ibovespa acompanhou o ótimo humor externo na sessão desta terça-feira para se aproximar novamente do patamar psicológica dos 100 mil pontos, com olho no trâmite da reforma da Previdência em Brasília. Além disso, os investidores estão na expectativa com a reunião do Copom sobre os próximos passos da Selic, cuja expectativa de corte cresce em meio a atividade econômica fraca.

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Com ventos a favores, o Ibovespa subiu 1,82% a 99.404,39 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 15,4 bilhões e 74,24% das ações operando no positivo. As ações da B3 lideraram os ganhos do dia com alta de 7,35% a R$ 38,11, após informações de que o aumento da alíquota do CSLL aos bancos, proposto na reforma da Previdência, não deve atingir a companhia. Já Marfrig e BRF, que negociam uma fusão, foram as maiores perdas, com baixa de 1,64% a R$ 6,61 e 1,74% a R$ 28,20.

O real também teve um dia positivo em relação ao dólar. A moeda americana caiu 1,05% a R$ 3,8597 com o bom humor externo e avanço da reforma da Previdência.

Reforma da Previdência

Hoje teve início o debate da reforma da Previdência na Comissão Especial, o que aumenta a possibilidade de votação da reforma no plenário da Câmara antes do recesso dos parlamentares em julho, como deseja o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), apesar de analistas projetarem a votação apenas para agosto.

Pesa no cenário o descontentamento do ministro da Economia Paulo Guedes com ausência do regime de capitalização e a inclusão de Estados e municípios, o que pode atrasar a tramitação e teve descontentamento de Rodrigo Maia. O presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje que gostaria o retorno do novo regime às aposentadorias dos brasileiros, mas que cabe os parlamentares decidirem.

Em relação ao episódio Joaquim Levy, a demissão do economista da presidência do BNDES não trouxe implicações de intervencionismo do governo. A escolha do novo presidente, Gustavo Montezano, está alinhada com os objetivos do ministro Guedes que não estavam sendo contemplados por Levy. Montezano deve acelerar o repasse de recursos da instituição ao Tesouro, acelerar o processo de venda de ativos sob posse do banco e abertura das operações firmadas na era petista – neste caso, uma exigência mais de Bolsonaro do que de Guedes.

EUA-China: retomada de negociações

A China e os Estados Unidos estão retomando as negociações comerciais antes de uma reunião na semana que vem entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, animando os mercados financeiros com a esperança de que uma guerra comercial, que ocorre desde o ano passado, diminua entre os dois países. Trump disse nesta terça-feira que equipes dos dois lados começariam os preparativos para os líderes se encontrarem na cúpula do G20 em Osaka.

A China, que antes se recusou a dizer se os dois líderes se reuniriam, confirmou o encontro. Trump não escondeu que, apesar de sua ameaça de aumentar a disputa com tarifas de produtos chineses ainda não tarifados, ele queria se encontrar com Xi enquanto ambos estiverem no Japão. A confirmação da China de que a reunião acontecerá elimina a possibilidade de uma esnobada de Pequim que poderia ter desencadeado outra rodada de tarifas.

Bancos Centrais Dovish

O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, lançou as bases para mais estímulo nesta terça-feira, dizendo que o BCE precisará aliviar a política novamente, possivelmente através de novos cortes nas taxas ou compra de ativos.

“Na ausência de melhorias, de modo que o retorno sustentado da inflação para o nosso objetivo esteja ameaçado, estímulos adicionais serão necessários”, disse Draghi durante a conferência anual do BCE em Sintra, Portugal.

Ele acrescentou que ainda há “espaço considerável” para mais compras de ativos e que “mais cortes nas taxas de juros e medidas de mitigação para conter quaisquer efeitos colaterais continuam sendo parte de nossas ferramentas”.

Os comentários surpreendentemente dovish vêm poucas horas antes do Federal Reserve iniciar sua reunião de política de dois dias em Washington.

Espera-se que o banco central dos EUA deixe as taxas de juros como estão, mas pode sugerir um corte na taxa em julho, quando anunciar sua decisão na tarde de quarta-feira.

O presidente do Fed, Jerome Powell, vai realizar uma coletiva de imprensa que será acompanhada de perto logo após a divulgação da declaração do Fed.

ferramenta de monitoração de taxas do Fed do Investing.com coloca em torno de 85%, a probabilidade de um corte na taxa de juros de um quarto de ponto pelo Fed em sua reunião de julho.

Os touros de Wall Street e do petróleo se animam

A combinação da retomada de negociação entre EUA e China e a expectativa de afrouxamento monetário nos principais bancos centrais do mundo trouxeram apetite ao risco aos investidores nesta terça-feira. Os principais índices de Wall Street e os preços do petróleo disparam. Dow Jones avançou 1,38%, S&P 500 teve ganhos de 0,98% e Nasdaq saltou 1,39%.

Os preços do petróleo também subiram com a crescente animosidade entre EUA e Irã após atentados a navios petroleiros no Estreito de Ormuz, por onde passa um quinto do consumo mundial de petróleo, na semana passada. Os EUA acusam Irã de perpetrar os ataques, com os iranianos negando. Em meio à disputa, o Irã ameaça retomar seu programa nuclear além do estabelecido do acordo nuclear de 2015, o qual os EUA se retiraram no ano passado.

O WTI, negociado em Nova York, saltou 4,1% a US$ 54,31, enquanto o Brent, cotado em Londres, teve ganhos de 2,25% a US$ 62,31. As altas revertem a expectativa de queda do commodity com as projeções de diminuição do crescimento da demanda em meio ao cenário de desaceleração econômica por causa da guerra comercial.

Ações

VALE subiu 3,59% com a alta dos preços do minério de ferro no exterior compensando efeito negativo decisão da mineradora na segunda-feira de suspender as atividades de processamento de níquel da usina Onça Puma, no Pará, após decisão judicial. A Vale (VALE3) disse que vai recorrer.

ITAÚ UNIBANCO PN (ITUB4) e BRADESCO PN (BBDC4) tiveram altas de 2,59% e 0,86%, respectivamente, recuperando-se de perdas na semana passada, assim como BANCO DO BRASIL (BBAS3) e SANTANDER BRASIL, que subiram 2,34%% e 2,55%, respectivamente.

B3 saltou 7,35%, praticamente anulando as perdas das duas últimas sessões, diante da chance de ficar de fora de eventual aumento na tributação do setor financeiro. O relator da reforma da Previdência estuda rever o trecho da proposta, no qual prevê aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para instituições financeiras, de modo a poupar a B3, segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo.

BRASKEM subiu 4,71%, após a Odebrecht, controladora da companhia, formalizar na véspera um pedido de recuperação judicial, com dívidas de 65,5 bilhões de reais, um dos maiores processos do tipo na história no país. O pedido, contudo, não inclui algumas empresas do conglomerado, entre elas a petroquímica. Até a véspera, as ações acumulavam em junho queda de 20,6%.

– PETROBRAS PN (PETR4) e PETROBRAS ON (PETR3) avançaram 1,25% e 1,53%, respectivamente, tendo de pano de fundo a alta dos preços do petróleo no mercado externo.

CSN (CSNA3) valorizou-se 3,18%, também beneficiada pelo avanço dos preços do minério de ferro, com outras companhias do setor de siderurgia e mineração também no azul. USIMINAS (USIM5) subiu 2,09% e GERDAU (GGBR4) avançou 3,73%.

GOL PN valorizou-se 3,06%, após o presidente Jair Bolsonaro vetar a franquia gratuita de bagagem. Também no radar está a liberação do leilão de slots da Avianca Brasil, que está em recuperação judicial. No setor, AZUL subiu 1,05%, mesmo após corte na recomendação por analistas do UBS, de neutra para venda, embora tenham elevado marginalmente o preço-alvo para 40 reais. Para a Gol (GOLL4), o UBS manteve a recomendação de venda, mas elevou o preço-alvo de 20 para 27 reais.

JBS ON (JBSS3) caiu 1,39%, na esteira da queda do dólar. MARFRIG ON (MRFG3) recuou 1,64% e BRF (BRFS3) FOODS ON perdeu 1,74% em dia ruim para empresas de proteínas.

EMBRAER (EMBR3) cedeu 0,21%, em sessão com queda do dólar, mesmo após anunciar contratos durante a Paris Air Show, incluindo pedido firme para dois novos jatos E195-E2 com a companhia aérea Binter, da Espanha.

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