Ibovespa pega carona na onda do dólar, que está na moda
O Ibovespa (IBOV) ignorou o pregão lateral ontem em Nova York e fechou em alta de 1,1%, já na faixa dos 114 mil pontos. A sessão marcada pelo feriado na cidade de São Paulo contou também com um volume financeiro fraco, ao redor de R$ 20 bilhões.
Ainda assim, o apetite do investidor estrangeiro segue ávido por ativos brasileiros. Não só ontem, como nas últimas sessões, é o gringo que tem dado ritmo ao Ibovespa. O fluxo externo na B3 está forte, a ponto dos estrangeiros realizarem a maior saída diária de recursos do ano, um dia após aportarem o maior ingresso diário de 2023.
No acumulado do mês – e, portanto, do ano – o saldo de capital externo entre as ações listadas na B3 é positivo em pouco mais de R$ 7 bilhões. Essa entrada tem reflexo no dólar, que ontem fechou no menor valor desde novembro, abrindo o debate sobre furar a marca de R$ 5,00.
Enquanto isso, os investidores locais (pessoas físicas e institucionais) já retiraram, juntos, mais de R$ 6 bilhões da bolsa. A diferença é que os locais continuam pessimistas em relação ao Brasil, em meio à cautela com o cenário fiscal e aos sustos a cada declaração vinda do governo. Fato é que o local precisa aprender com os estrangeiros a não ter “viés político” nos negócios nem a ser emocional com as ações.
Dollar is the new black
Afinal, o mundo vem melhorando gradualmente e, portanto, comprimindo o prêmio de risco global. Ou seja, não é que o Brasil nem o real estejam mais atraentes. O que há é um movimento generalizado de enfraquecimento do dólar, em meio à sensação de que o pior já passou e não é mais necessário buscar proteção. Tanto que até o euro se recupera e já busca a marca de US$ 1,10.
Do exterior sopram novos ventos de otimismo. Afinal, a China está reabrindo, a Europa sobrevive à crise energética e, principalmente, o Federal Reserve vem reduzindo o ritmo de alta dos juros. Mais que isso, o ciclo de aperto monetário deve terminar em breve.
Esse sentimento dos mercados pode até parecer prematuro, já que ainda existe o risco de recessão nos Estados Unidos. Daí porque merece atenção hoje (10h30) a primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no quarto trimestre de 2022.
Seja como for, quando as saídas locais cessarem e o investidor residente deixar de lado o habitual ‘drama’ latino, o Ibovespa e o dólar devem ter um grande alívio. Afinal, o Brasil não tem a pior história entre os pares emergentes. Ao contrário, não é de hoje que se diz aqui que o gringo vê o país é como a “peça bonitinha” entre os mercados globais neste início de ano.
Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h40:
EUA: o futuro do Dow Jones tem leve baixa de 0,03%; o do S&P 500 subia 0,18%; enquanto o Nasdaq avançava 0,53%;
NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) oscilava com +0,07% no pré-mercado; nos ADRs, o da Vale caía 0,58%, enquanto o da Petrobras recuava 1,59%;
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 tinha alta de 0,45%; a bolsa de Frankfurt subia 0,21%; a de Paris ganhava 0,60% e a de Londres avançava 0,13%;
Ásia: o índice japonês Nikkei 255 fechou em baixa de 0,12%, enquanto o Hang Seng, em Hong Kong, saltou 2,37%, na segunda alta seguida; a Bolsa de Xangai permanece fechada
Câmbio: o índice DXY oscilava com +0,08%, a 101.72 pontos; o euro cedia 0,07%, a US$ 1,0906; a libra tinha baixa de 0,07%, a US$ 1,2395; o dólar tinha alta de 0,13% ante o iene, a 129,76 ienes;
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,474%, de 3,448% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,145%, de 4,129% na mesma comparação;
Commodities: o futuro do ouro caía 0,26%, a US$ 1.937,60 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI subia 0,90%, a US$ 80,92 o barril; o do petróleo Brent caía 0,92%, a US$ 86,92 o barril.