Ibovespa ou um carro usado de 15 anos? Veja o que se valorizou mais nos últimos 3 anos
A desvalorização dos veículos ao longo do tempo é um fato encarado com resignação pelos proprietários. Quem nunca ouviu aquela piada com um fundo de verdade, que diz que basta tirar o carro da concessionária, dar uma volta no quarteirão, para perder valor de revenda?
Mas essa máxima do mercado mudou nos últimos anos, com a crise de oferta de semicondutores, que desorganizou toda a cadeia produtiva das montadoras e levou à redução da produção de carros zero quilômetro. A pandemia de Covid-19 e a guerra da Ucrânia completaram o serviço, e o preço dos veículos novos disparou.
Com isso, o valor dos carros seminovos e usados também decolou. Seja porque os interessados em comprar um veículo não encontravam modelos novos, seja porque seu preço não cabia no bolso, o fato é que todo esse cenário aumentou a demanda por veículos usados – e, como se sabe, a lei da oferta e da demanda é implacável.
Ao mesmo tempo, essa mesma conjuntura internacional negativa, adicionada com ingredientes tipicamente brasileiros, como a crise política causada pelos constantes confrontos do presidente Jair Bolsonaro com os outros poderes e a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, que ensaia um governo com cara de Dilma Rousseff, derrubou os ativos de risco.
Ibovespa x Carro Usado: Fiat Marea 2007 humilha principal índice da Bolsa
Com isso, considerando-se os 102.856 pontos com que fechou esta sexta-feira (16), o Ibovespa acumula uma queda de 1,87% sobre o último pregão do ano passado, quando terminou 2021 em 104.822 pontos.
Mas um recorte mais amplo de tempo dá uma dimensão de quanto o Ibovespa perdeu a corrida para outros ativos – incluindo, os carros usados, que, em tempos normais, costumam ser uma péssima opção de investimento para tentar lucrar com a valorização.
A título de curiosidade, um Fiat Marea Turbo, ano 2007, acumula uma valorização de 32,47% entre 1º de janeiro de 2019 e a última quinta-feira (15). No mesmo intervalo, o Ibovespa subiu apenas 20,07%. E, pior: com o tombo da última semana, a valorização do surrado Marea Turbo de 15 anos, hoje encontrado com preços ao redor de R$ 49 mil em sites especializados, voltou a se descolar do principal índice da Bolsa brasileira.
Conclusão: vivemos muita coisa em 2022, menos tempos normais.