Hora de correr para ações? Guilherme Aché vê janela; ‘menos arriscado que período Dilma’
A bolsa está barata e menos arriscada que em momentos de crise aguda no cenário econômico brasileiro, como no período Dilma Rousseff, afirmou Guilherme Aché, da Squadra. Apesar disso, o gestor, um dos mais respeitados do mercado, diz que o fluxo de gringo não voltará ‘tão cedo’. As falas foram publicadas por Thiago Salomão, fundador do Market Makers, no seu perfil do Linkedin.
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“O Brasil sempre arruma um jeito de bagunçar as coisas, então apesar desse valuation, a bolsa pode não subir ou até seguir caindo. Não existe fluxo de qualidade para Brasil, o gringo tá saindo”, afirmou. Para sustentar a tese, Aché lembra o caso da Multiplan (MULT3). Na semana passada, a operadora de shoppings informou que o fundo de pensão canadense Ontario Teachers, que chegou a possuir 20% da empresa, estava se desfazendo da posição após 10 anos.
“O gringo ocidental que investiu aqui nas últimas décadas, não volta tão cedo, não consigo ver um fundo desses se empolgando para investir aqui depois de tantas perdas por tanto tempo”, afirmou. Junho marcou o sexto mês consecutivo de saldo negativo de capital estrangeiro. No mês, houve saída de R$ 5,1 bilhões, enquanto no ano a saída acumulada é de R$ 41 bilhões.
A piora do cenário, tanto externo quanto interno, afastaram os investidores. Nos Estados Unidos, a perspectiva é de juros alto por mais tempo. Aqui no Brasil, o cenário fiscal foi agravado pela resistência do governo em anunciar cortes de gastos para tampar o rombo fiscal. O deficit primário, que exclui o pagamento de juros da dívida, subiu para R$ 280,2 bilhões no acumulado de 12 meses.
Ibovespa ainda vale a pena?
Mesmo com todo cenário, Aché diz que para o investidor, o mais importante não é o fluxo, e sim o valor, o preço que está pagando pelos ativos, “que hoje está muito baixo”.
“Apesar de tudo, acho que a bolsa está barata. Se você for bem criterioso, encontrará boas empresas em níveis de valuation bem piores que do passado. Agora, todo mundo acha que a bolsa está barata. O que eu acho, e que é um pouco diferente, é que ela não só está barata como está com um risco muito menor do que em outros momentos de stress agudo”.
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Para o gestor, o principal risco hoje é o fiscal no Brasil. E, segundo ele, esse temor é muito menor do que o risco em outros momentos, como 2008, com crise econômica mundial, em 2015, com desajuste da Dilma, na Covid, ou mesmo em 2022, com a incerteza com a inflação dos EUA.
“O risco nesses momentos era maior que hoje – mas o valuation está tão barato quanto nesses períodos. Conclusão: a bolsa está barata e o risco, apesar de existir e não ser baixo, na minha visão é menor do que nas outras situações, embora os valuations estejam parecidos”, explica.
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