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Ibovespa nas alturas: 2024 será o ano da B3 (B3SA3)? A visão de 3 bancos para a dona da Bolsa

01 jan 2024, 16:29 - atualizado em 01 jan 2024, 16:29
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Com Ibovespa nas máximas históricas, o que esperar para a dona da Bolsa, a B3, em 2024? (Imagem: B3/Divulgação)

O mercado de ações volta a aquecer. O Ibovespa conseguiu dar um bom impulso nos últimos meses de 2023, terminando o ano em máximas históricas, acima dos 134 mil pontos.

Para 2024, as perspectivas são ainda melhores, na avaliação de analistas. Isso porque os próximos meses serão importantes para o caminho do ciclo monetário global.

O Safra levanta que, com a moderação dos níveis de inflação pelo mundo e um patamar ideal de crescimento econômico, os bancos centrais, incluindo o Federal Reserve (Fed), estão encontrando espaço para mudar de direção, saindo de políticas contracionistas para uma potencial flexibilização monetária.

“As últimas sinalizações do Fed em relação a uma postura mais dovish influenciou os mercados globais, com [Wall] Street reagindo de forma otimista a cortes adicionais de juros em 2024″, diz, em relatório de dezembro.

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Brasil se adiantou com cortes; como Bolsa brasileira pode aproveitar?

Na avaliação do Safra, essa mudança de posicionamento do banco central americano deve engatilhar uma fase melhor para os mercados emergentes.

“À frente do ciclo de flexibilização global esperado, os fluxos de investimento a esses países devem ganhar tração e levar a momentum positivo nos próximos anos”, comenta a instituição.

No caso do Brasil, por estar adiantado no ciclo de cortes, analistas projetam um cenário mais encorajador para a Bolsa local.

Isso já é perceptível no fluxo de gringos que estão voltando a apostar no mercado brasileiro. Segundo a Necton, o volume de negociações de investidores estrangeiros na B3 em 2023, até o dia 28 de dezembro, atingiu saldo positivo R$ 55,4 bilhões.

A retomada desse fluxo veio principalmente em novembro e dezembro, meses que foram fortes para a Bolsa, diante de uma perspectiva fiscal melhor e da aprovação de pautas econômicas importantes no Congresso, como a reforma tributária.

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B3 surfará onda? O que pensam os analistas

Com o cenário desenhado para o mercado de ações brasileiro, o Safra elevou recentemente a recomendação da B3 (B3SA3), dona da Bolsa, a “outperform”, equivalente a compra. O preço-alvo também subiu, a R$ 19 (considerando probabilidade de 25% de perda de disputas legais), o que implica um potencial de alta de aproximadamente 30% em relação à cotação atual.

O Safra enxerga a B3 como um bom nome para aproveitar a virada de ciclo, visto que fluxos estrangeiros maiores devem ajudar o volume médio diário de negociações (ADTV) a ganhar tração.

“Com 37% do Ibovespa composto por ações de commodities, vemos a B3 não apenas se beneficiando de uma velocidade de rotatividade maior, mas também uma aposta voltada a tópicos como recuperação industrial em países desenvolvidos, estímulos na China, entre outros”, explicam analistas do banco.

A B3 é a top pick do setor financeiro para o Safra. Na avaliação do banco, os fundamentos da empresa permanecem atrativos, sendo ela uma grande geradora de caixa, enquanto o valuation também parece em bons níveis.

Para o Bank of America, um ponto forte da tese da B3 está na diversificação da estratégia de negócios. Em evento com investidores e analistas do mercado, a administração da companhia mencionou que a constante renovação do core business é a chave para proteger a empresa da competição ao mesmo tempo que ela atrai listagem ao mercado de capitais.

“Processos de integração mais simples e a educação sobre os produtos da B3 são necessários para atrair e reter investidores”, levanta o banco americano.

Em dezembro, o BofA atualizou as projeções para o crescimento do LPA (Lucro Por Ação) da B3 a +7% em 2024, contra recuo de 3% em 2023, refletindo a aceleração nas receitas. A instituição ressalta, no entanto, que os volumes continuam fracos no curto prazo, o que deve jogar pressão nas receitas ainda.

Já a recomendação segue como compra, visto que o BofA também vê a B3 como um dos principais nomes que devem aproveitar a queda da Selic. O preço-alvo sugerido é de R$ 17.

O Santander, por sua vez, adota uma postura mais cautelosa, com recomendação “neutro” para B3SA3. O banco explica que o principal gatilho é o volume de negociações, que “não chegou lá ainda”.

“O impacto operacional positivo do ciclo de afrouxamento monetário é mais uma tese para 2025, quando a média da taxa Selic é esperada para atingir dígito único”, diz.