Ibovespa: Não tem almoço grátis (e a Petrobras paga a conta)
O Ibovespa (IBOV) tem hoje mais um pregão sob a influência do noticiário vindo de Brasília. A bolsa brasileira até que se animou ontem (27) com a confirmação da volta da cobrança integral dos impostos federais sobre a gasolina e o etanol a partir de amanhã (1º).
Mas logo veio o balde de água fria. A reoneração fiscal será acompanhada de uma queda nos preços dos combustíveis por parte da Petrobras. O martelo deve ser batido nesta terça-feira (28), em nova reunião (9h30) do presidente Lula com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
Ou seja, não tem almoço grátis. Para reorganizar as contas públicas, é preciso haver esforços e sacrifícios. Nesse caso, quem vai pagar a conta é a Petrobras – ao invés do bolso do consumidor. E os mercados não devem olhar com bons olhos essa escolha feita pelo governo.
Os fantasmas do passado devem voltar a assustar o investidor. Afinal, ainda está fresco na memória os estragos causados pela intervenção do PT na estatal petrolífera. No entanto, a situação atual é outra e a defasagem nos preços dos combustíveis é considerada baixa.
No caso da gasolina, a diferença em relação aos valores praticados lá fora é de, no máximo, 4%, enquanto a do diesel, é ainda menor, de 2%. Ainda assim, o Ibovespa deve fazer questão de mostrar hoje sua insatisfação com a ingerência política que deve voltar a ser marca do terceiro mandato de Lula.
Ibovespa tem indigestão com exterior
Porém, o fantasma que vem assustando os mercados internacionais é outro. A inflação continua intimidando os ativos de risco, diante do temor de que o combate à alta dos preços ainda demanda uma postura dura (“hawkihs”) por parte dos bancos centrais, enxugando a liquidez global.
Esse receio alimenta a tese de juros mais altos por mais tempo. E isso deve ocorrer não apenas nos Estados Unidos, onde deve começar em breve a discussão sobre uma taxa terminal de 6%. Na Europa, também já se espera juros perto de 4% nos próximos meses.
Há, portanto, um descompasso entre os preços dos ativos e a expectativa em relação aos BCs. Por isso, em algum momento deve haver um ajuste por parte dos investidores ao cenário menos favorável ao apetite por risco. Até porque nem mesmo a reabertura econômica na China está estimulando as commodities.
Como já dito aqui, a retomada da atividade no gigante emergente indica um processo parecido ao ocorrido nos países ocidentais, onde a volta da mobilidade beneficiou mais o setor de serviços e a demanda doméstica. Por tudo isso, o choque de realidade deve provocar rodadas adicionais de pressão nos mercados globais antes do fim deste trimestre.
Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h50:
EUA: o futuro do Dow Jones subia 0,11%; o do S&P 500 avançava 0,09% e o Nasdaq subia 0,07%;
NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) ainda não tinha negociação no pré-mercado; assim como os ADRs da Petrobras; já os da Vale subiam 0,25%
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 tinha baixa de 0,09%; a bolsa de Frankfurt oscilava com +0,03%, a de Paris oscilava com -0,06%; enquanto a de Londres caía 0,34%;
Ásia: o índice japonês Nikkei 255 fechou em leve alta de 0,08%, enquanto o Hang Seng, em Hong Kong, caiu pela sexta sessão seguida, em -0,79%; e a Bolsa de Xangai subiu 0,66%;
Câmbio: o índice DXY tinha leve alta de 0,01%, 104.68 pontos; o euro tinha baixa de 0,02%, a US$ 1,0610; a libra subia 0,24%, a US$ 1,2094; o dólar ganhava 0,33% ante o iene, a 136,68 ienes;
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,941%, de 3,918% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,803%, de 4,791% na mesma comparação;
Commodities: o futuro do ouro tinha queda de 0,47%, a US$ 1.816,30 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI subia 1,35%, a US$ 76,68 o barril; o do petróleo Brent avançava 1,13%, a US$ 82,98 o barril; o contrato futuro do minério de ferro (maio) fechou em baixa de 0,95% em Dalian (China), a 887 yuans a tonelada métrica, após ajustes.