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Ibovespa ladeira abaixo: Após maior queda em 5 meses, até onde vai o tombo?

22 abr 2022, 17:36 - atualizado em 25 abr 2022, 14:30
ibovespa
“A bolsa brasileira está andando em função da renda fixa, tanto internacional quanto nacional”, diz especialista (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa (IBOV) fechou a penúltima semana de abril em queda. Após uma série de altas, na qual o principal índice da B3 ultrapassou os 121 mil pontos no primeiro dia de abril — o que acarretou projeções para cima para 2022 —, o Ibovespa entrou em queda livre e se afastou de sua máxima do ano.

O índice fechou esta sexta-feira (22) em forte baixa de 3,14%, a 110.775 pontos, segundo dados preliminares. O valor registra a maior queda desde 26 de novembro de 2021, quando despencou 3,39%.

O Ibovespa segue a tendência negativa dos mercados globais, à medida que investidores digerem os últimos comentários do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, e seguem avaliando a temporada de resultados.

Na quinta, Powell afirmou que uma alta de juros mais acelerada seria apropriada para combater a inflação. Ele indicou que uma alta de 0,5 ponto percentual estará em discussão já na próxima reunião de política monetária americana.

O tom mais agressivo por parte do Fed é uma resposta à disparada da inflação, que atualmente se encontra três vezes maior do que a meta de 2%.

Mas, afinal, por que o Ibovespa desaba ladeira a baixo logo após atingir sua máxima do ano? Até que ponto vai esta queda?

Ibovespa a 121 mil pontos

O primeiro trimestre de 2022 trouxe ventos favoráveis ao Ibovespa. O índice começou o ano 103.922 pontos e, exatamente três meses depois, atingiu sua máxima anual de 121.570 pontos — o que representa uma variação média de 16% no período.

Segundo o portfólio manager da Kilima Asset, Luiz Adriano Martinez, o ciclo de alta foi ocasionado pelo alto fluxo estrangeiro aterrissando na bolsa brasileira, focado em empresas de valor, principalmente de commodities.

Martinez explica que o atual ciclo econômico global é caracterizado por uma situação de dados positiva para as empresas da bolsa, com perspectivas futuras de desaceleração. “Os recentes resultados apresentados pelas empresa mostram isso, lucros bons, mas guidance mais fraco”, diz.

O especialista diz que nesse ponto, as empresas de valor — de commodities e do setor financeiro —, que não dependem de perspectiva de lucro futuro, costumam performar bem, o que atrai os investidores internacionais e puxa o Ibovespa para o lado positivo.

Ibovespa em queda livre

Com a recente fala do Fed, o cenário se inverteu. O especialista da Kilima Asset afirma que, se o Banco Central dos EUA elevar os juros de forma abrupta, a piora futura das perspectivas pode ser antecipada.

“Se isso acontecer, a lógica de investimento em empresas de valor, deixa de fazer sentido. Os investidores estrangeiros deixam de ter interesse na renda variável brasileira”, afirma Martinez.

Com o fechamento de hoje, já refletindo as falas de Powell, o Ibovespa retornou aos patamares de março. Nos últimos 30 dias, o índice acumula queda de 5,63%.

Quais ações fugir? E quais comprar?

Martinez afirma que, para empresas atreladas ao ciclo doméstico — como as de varejo, que são impactadas pela economia brasileira —, o movimento abrupto do Fed leva a um crescimento econômico baixo e as afeta diretamente.

“As empresas desse setor estão baratas, mas estão sem gatilhos. E isso não deve se reverter no curto prazo”, afirma.

O especialista diz que essas empresas só sairão ganhado se, em algum momento, o mercado começar a precificar quedas na taxa de juros, que só acontecerá se tiver um controle na expectativa de elevação da inflação.

Já para as empresas de valor o cenário é oposto. Martinez afirma que as companhias tem gatilho de curto prazo — com petróleo e minério de ferro cotados a preços elevados —, mas diz que as ações já estão precificando esses valores. “As ações estão caras, mas estão no momentum, puxado pela inflação elevada”, completa.

Até onde vai a queda do Ibovespa?

Para o especialista, se o Fed elevar de forma gradual os juros, as empresas de valor ganham espaço para valorizar mais, trazendo de volta o fluxo estrangeiro e impulsionando novamente o Ibovespa.

No entanto, se o banco aumentar a taxa de forma abrupta, o cenário se inverte, e a “bolsa não deve voltar as máximas que atingiu no ano”.

As perspectivas mostram que o Fed deve acelerar e elevar juros para 2% até julho.

“A bolsa brasileira está andando em função da renda fixa, tanto internacional quanto nacional”, conclui o especialista.

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