Investidores juntam os cacos e Ibovespa sobe, mas tensão com fiscal permanece
As ações brasileiras esboçavam leve reação nesta quarta-feira, com investidores buscando pechinchas, atentos a notícias sobre a movimentação do governo brasileiro para financiar seu programa social e os riscos de possível rompimento do teto de gastos, fantasma que levou na véspera o principal índice da B3 à maior queda diária desde março.
Às 12:29, o Ibovespa (IBOV) apontava valorização de 0,7%, aos 111.485,52 pontos. O giro financeiro da sessão era de 12 bilhões de reais.
Para profissionais do mercado, o adiamento do anúncio do Auxílio Brasil, programa que vai substituir o Bolsa Família, deu uma trégua momentânea, dada a avaliação de que o governo entendeu a reação negativa dos investidores ao desenho orçamentário que pretendia executar para o programa a ser lançado antes das eleições de 2022.
Porém, “pior do que um governo gastador é um governo que não tem certeza de para onde vai. Ou seja, a nova percepção é de um risco maior para os investidores”, afirmou em relatório a equipe da Levante Investimentos.
Por ora, compras de ações consideradas por alguns como exageradamente desvalorizadas davam sustentação ao Ibovespa, com destaque para o setor financeiro, cujo índice subia quase 3%.
Mas a maioria das notícias corporativas do dia tinha repercussão negativa, com destaques para Vale e Eletrobras.
Destaques
Ibr Brasil (IRBR3) avançava 2,9%. A resseguradora anunciou na véspera a nomeação de Willy Jordan como seu novo vice-presidente financeiro e de relações com investidores.
Santander Brasil (BSBR) ganhava 3,35%, Bradesco (BBDC3) e Itau Unibanco (ITUB4) evoluíam 2,2% cada, com investidores passando a se concentrar no início da temporada de balanços do terceiro trimestre do setor, na semana que vem.
B3 (B3SA3) tinha valorização de 4,55%, após a companhia ter anunciado na terça-feira a compra da empresa de big data Neoway por 1,8 bilhão de reais.
O BTG Pactual considerou a operação como positiva e que a ação da B3 está em nível atrativo.
Vale (VALE3) perdia 1,5%. A mineradora anunciou na noite da véspera produção de 89,4 milhões de toneladas de minério no terceiro trimestre, alta de 0,8% sobre um ano antes.
A Jefferies cortou a recomendação para o ADR da empresa. O BTG Pactual BTG frisou que a produção da Vale deve seguir pressionada no quarto trimestre “mas continuamos a ver valor na empresa e mantemos nossa classificação de compra”.
Eletrobras PNB (ELET5) caía 2,3%, revertendo da abertura positiva, após aprovação na véspera do modelo de desestatização da empresa.
Em nota, o Credit Suisse considerou a notícia positiva e reiterou considerar possível a privatização da companhia no primeiro semestre de 2022.
Carrefour Brasil (CRFB3) tinha retração de 1,6%. O grupo anunciou na noite de terça-feira que teve alta de 14% nas vendas brutas de sua operação de atacarejo, mas recuo de 8% na divisão que reúne mercados e hipermercados.
“Esperamos que os resultados de curto prazo permaneçam desafiadores para o varejo (…) Como resultado, esperamos por um melhor ponto de entrada no papel”, afirmou a XP em nota a clientes.