Ibovespa (IBOV): Veja o que pode levar a Bolsa a deslanchar e bater os 160 mil pontos em 2025, segundo CEO da Siegen
O final de ano se aproxima e a expectativa para um rali paira sobre a Bolsa. No entanto, o atual cenário do mercado brasileiro não está gerando muito otimismo para a Siegen Consultoria, liderada pelo economista Fábio Astrauskas.
Menos otimista do que a XP Investimentos, que projeta o Ibovespa (IBOV) ao fim de 2024 nos 147 mil pontos, Astrauskas defende que, sem dúvidas, há espaço para isso — e até mais –, contudo, a casa projeta 140 mil pontos para o fim deste ano.
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Em entrevista ao Money Times, o economista explicou que a perspectiva da Siegen considera o cenário vigente, fortemente impactado pelas contas públicas. Para ele, o anúncio de medidas que gerem no mercado uma sensação de “melhor do que nada” e dê ânimo para a alta é uma tendência possível. Mas ele ainda vê limitadores para um movimento de alta do Ibovespa, como juros, cenário internacional e a regulamentação da reforma tributária.
Astrauskas pondera que, quem investe em Bolsa, olha o longo prazo. Contudo, as empresas não sabem como a reforma tributária vai estar realmente desenhada, e diversos fatores relevantes para decisões de investimentos ficam em aberto.
“Ele [empresário] não sabe se vai manter uma planta na Bahia ou se vai transferir para São Paulo quando acabarem as isenções, quando acabar essa guerra fiscal do ICMS, que vai ser extinto. Isso faz com que o empresário segure, tire o pé”.
Está tudo entrelaçado: Selic, fiscal e política
Fábio Astrauskas destaca que o governo está sob forte pressão para encontrar soluções para fiscal. Ele pondera que uma resposta será necessária e pode impactar positivamente o Ibovespa nos últimos dois meses de 2024.
A alta do dólar, por exemplo, é um dos fortes argumentos que vem pesando nas costas do governo e, nesta semana, levou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a cancelar viagem à Europa para focar no anúncio de medidas fiscais, atendendo pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ontem (04), Haddad chegou a dizer as medidas de contenção de gastos públicos estão “muito avançadas” do ponto de vista técnico, e afirmou acreditar ser possível apresentar as iniciativas ainda nesta semana.
Nesta segunda-feira (4), o dólar à vista (USDBRL) caiu quase 1,5%, e fechou na casa dos R$ 5,78. O mercado reagiu às declarações de Haddad sobre as medidas para cortar gastos públicos, que segundo o ministro, estão “tecnicamente muito avançadas”.
Na sexta (1º), a moeda norte-americana fechou a R$ 5,8694 (+1,53%) — no maior patamar desde maio de 2020. Durante o pregão, a divisa bateu máxima a R$ 5,8738— o maior nível desde o começo da pandemia.
Para 2025, Ibovespa pode se beneficiar de medidas na China
A China está presente entre os fatores que devem mexer com o Ibovespa em 2025, caso as medidas anunciadas pelo país sejam, de fato, implementadas.
Desde o mês passado, a China já anunciou diversas medidas econômicas, mas poucas realmente agradaram os investidores. Entre elas está a implementação de “gastos fiscais necessários” para atingir a meta de crescimento econômico deste ano, de aproximadamente 5%.
O banco central da China, por exemplo, divulgou o seu mais agressivo afrouxamento monetário desde a pandemia, sinalizando cortes em uma ampla gama de taxas de juros e uma injeção de liquidez de 1 trilhão de iuanes (US$ 140 bilhões) no sistema financeiro.
Os bancos também reduziram as taxas de hipoteca para empréstimos imobiliários existentes antes de 31 de outubro.
Apesar disso, vale lembrar que as medidas não convenceram por completo os investidores. No fim de outubro, por exemplo, as expectativas de estímulo fiscal na China foram frustradas depois que o Ministério das Finanças não expandiu as medidas para além do apoio de crédito já existente às incorporadoras imobiliárias — derrubando o minério de ferro para o seu menor nível em mais de duas semanas.
O problema é que a segunda maior economia do mundo não deu muitos detalhes sobre o seu plano, deixando os investidores em dúvida sobre o tamanho geral do pacote de estímulos.
No entanto, caso a China de fato implemente os estímulos que foram anunciados, a Vale (VALE3) — que representa mais de 12% do Ibovespa — poder se beneficiar, avalia Astrauskas. Ele pondera ainda que o país tem a capacidade para colocar esses estímulos em prática.
*Com Juliana Américo e Liliane de Lima