Money Times Entrevista

Ibovespa (IBOV): Veja o que pode levar a Bolsa a deslanchar e bater os 160 mil pontos em 2025, segundo CEO da Siegen

05 nov 2024, 7:15 - atualizado em 04 nov 2024, 17:36
ibovespa
Selic, fiscal, cenário político e até China pesam sobre as estimativas para o Ibovespa em 2025 (Imagem: iStock/Paralaxis)

O final de ano se aproxima e a expectativa para um rali paira sobre a Bolsa. No entanto, o atual cenário do mercado brasileiro não está gerando muito otimismo para a Siegen Consultoria, liderada pelo economista Fábio Astrauskas.

Menos otimista do que a XP Investimentos, que projeta o Ibovespa (IBOV) ao fim de 2024 nos 147 mil pontos, Astrauskas defende que, sem dúvidas, há espaço para isso — e até mais –, contudo, a casa projeta 140 mil pontos para o fim deste ano.

Em entrevista ao Money Times, o economista explicou que a perspectiva da Siegen considera o cenário vigente, fortemente impactado pelas contas públicas. Para ele, o anúncio de medidas que gerem no mercado uma sensação de “melhor do que nada” e dê ânimo para a alta é uma tendência possível. Mas ele ainda vê limitadores para um movimento de alta do Ibovespa, como juros, cenário internacional e a regulamentação da reforma tributária.

Astrauskas pondera que, quem investe em Bolsa, olha o longo prazo. Contudo, as empresas não sabem como a reforma tributária vai estar realmente desenhada, e diversos fatores relevantes para decisões de investimentos ficam em aberto.

“Ele [empresário] não sabe se vai manter uma planta na Bahia ou se vai transferir para São Paulo quando acabarem as isenções, quando acabar essa guerra fiscal do ICMS, que vai ser extinto. Isso faz com que o empresário segure, tire o pé”.

Está tudo entrelaçado: Selic, fiscal e política

Fábio Astrauskas destaca que o governo está sob forte pressão para encontrar soluções para fiscal. Ele pondera que uma resposta será necessária e pode impactar positivamente o Ibovespa nos últimos dois meses de 2024.

A alta do dólar, por exemplo, é um dos fortes argumentos que vem pesando nas costas do governo e, nesta semana, levou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a cancelar viagem à Europa para focar no anúncio de medidas fiscais, atendendo pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ontem (04), Haddad chegou a dizer as medidas de contenção de gastos públicos estão “muito avançadas” do ponto de vista técnico, e afirmou acreditar ser possível apresentar as iniciativas ainda nesta semana.

Nesta segunda-feira (4), o dólar à vista (USDBRL) caiu quase 1,5%, e fechou na casa dos R$ 5,78. O mercado reagiu às declarações de Haddad sobre as medidas para cortar gastos públicos, que segundo o ministro, estão “tecnicamente muito avançadas”.

Na sexta (1º), a moeda norte-americana fechou a R$ 5,8694 (+1,53%) — no maior patamar desde maio de 2020. Durante o pregão, a divisa bateu máxima a R$ 5,8738— o maior nível desde o começo da pandemia.

Essa também foi a segunda maior cotação do dólar ante o real na história, ficando atrás apenas da máxima história alcançada em 13 de maio de 2020 — quando a divisa fechou a R$ 5,9008.

O economista destacou que a Bolsa está deprimida, mas que existe margem para uma melhora ainda neste final de ano, mas que não vê como muito expressiva.

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Já para 2025, ele afirma que o bom desempenho do Ibovespa depende do governo fazer a lição de casa — ou seja, apresentar um bom plano para o fiscal. Isso abriria espaço para um um rali no primeiro trimestre.

Diferente de 2024, a Siegen tem uma estimativa para o Ibovespa em 2025 maior do que a da XP, de 160 mil pontos, ante 154 mil.

Fábio Astrauskas afirma que, para o próximo ano, a estimativa foi realizada após o fechamento das eleições municipais de 2024, momento em que se observou a perda de um espaço importante para a esquerda, com forte número de candidatos de centro-direita e direita ganhando as eleições.

Nesse cenário, o economista vê que a pauta será mais liberal do ponto de vista econômico, e mais conservadora do ponto de vista social. Com isso, o executivo avalia que a força de aprovação de leis vai ser ditada não pela vontade do Executivo, mas cada vez mais pelo Legislativo ao longo do próximo ano.

“O governo, se quiser se recompor, se quiser sustentar uma base mínima para 2026, vai precisar atender um pleito aí dessa área do Centrão para poder manter a coalizão atual de governo. Esses partidos têm uma pauta mais voltada para controle do gasto, de controle da liberdade econômica, do marco regulatório, o que soa bem para o mercado”.

Nesse sentido, Astrauskas vê espaço para a Bolsa avançar. “Bolsa é mercado privado, e o mercado privado não gosta muito de controle estatal. Portanto, se as ideias de setor privado prevalecerem, a Bolsa vai subir”.

Os juros, baseados na taxa Selic, saíram de uma expectativa no início do ano de encerrar 2024 abaixo dos dois dígitos, para retomada do ciclo de alta no segundo semestre. O economista comenta que a Selic s só irá mudar de direção com o movimento do governo para a aplicação de medidas que organizem o lado fiscal, colocando em ordem as contas públicas.

Para 2025, Ibovespa pode se beneficiar de medidas na China

A China está presente entre os fatores que devem mexer com o Ibovespa em 2025, caso as medidas anunciadas pelo país sejam, de fato, implementadas.

Desde o mês passado, a China já anunciou diversas medidas econômicas, mas poucas realmente agradaram os investidores. Entre elas está a implementação de “gastos fiscais necessários” para atingir a meta de crescimento econômico deste ano, de aproximadamente 5%.

O banco central da China, por exemplo, divulgou o seu mais agressivo afrouxamento monetário desde a pandemia, sinalizando cortes em uma ampla gama de taxas de juros e uma injeção de liquidez de 1 trilhão de iuanes (US$ 140 bilhões) no sistema financeiro.

Os bancos também reduziram as taxas de hipoteca para empréstimos imobiliários existentes antes de 31 de outubro.

Apesar disso, vale lembrar que as medidas não convenceram por completo os investidores. No fim de outubro, por exemplo, as expectativas de estímulo fiscal na China foram frustradas depois que o Ministério das Finanças não expandiu as medidas para além do apoio de crédito já existente às incorporadoras imobiliárias — derrubando o minério de ferro para o seu menor nível em mais de duas semanas.

O problema é que a segunda maior economia do mundo não deu muitos detalhes sobre o seu plano, deixando os investidores em dúvida sobre o tamanho geral do pacote de estímulos.

No entanto, caso a China de fato implemente os estímulos que foram anunciados, a Vale (VALE3) — que representa mais de 12% do Ibovespa — poder se beneficiar, avalia Astrauskas. Ele pondera ainda que o país tem a capacidade para colocar esses estímulos em prática.

*Com Juliana Américo e Liliane de Lima 

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