Ibovespa (IBOV) tem trégua, mas falta convicção e vem mais volatilidade por aí
O Ibovespa (IBOV) engatou uma forte alta ontem, tendo como pano de fundo a trégua nas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central. O “bombeiro” da vez foi o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Porém, não há convicção de que esse cessar-fogo irá perdurar por muitos dias.
Da mesma forma, os mercados internacionais alternam cenários de otimismo e de pessimismo em relação ao rumo dos juros nos Estados Unidos. Declarações mais duras (“hawkish”) vindas do Federal Reserve mostram que o presidente Jerome Powell deixou para outros integrantes o “trabalho sujo” de conter as expectativas de corte na taxa.
Lula, por sua vez, fez o contrário. De um lado, o presidente passou a ser o negociador de temas caros ao mercado, convocando outros atores para a cena. De outro, os Fed boys voltaram a reforçar a necessidade de elevar o juro nos EUA um pouco mais, deixando-o em nível elevado por algum tempo.
Ibovespa mira agenda
Essa perspectiva de continuidade no ciclo de aperto monetário com a taxa terminal podendo ser maior que o previsto resgatou a cautela entre os investidores. Nesta manhã, porém, o sinal positivo volta a prevalecer, diante da agenda econômica mais fraca, que traz apenas os pedidos semanais de auxílio-desemprego (10h30).
Por aqui, a temporada de resultados divide as atenções com o noticiário político, dando fôlego ao Ibovespa. Ontem, o balanço do Itaú (ITUB4) deu ritmo aos negócios locais, lançando luz para os números trimestrais do Bradesco (BBDC4), que saem hoje, após o fechamento do pregão.
Além disso, também é destaque o índice oficial de preços ao consumidor brasileiro (9h). O IPCA deve acelerar em janeiro, esquentando o debate sobre a revisão das metas de inflação. O tema também foi colocado em xeque por Lula, juntamente com a autonomia do BC e a taxa Selic elevada.
O assunto pode entrar na pauta da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) na semana que vem. Aliás, por mais que Lula não tenha votos para demitir Roberto Campos Neto do cargo à frente da autoridade monetária, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, podem ser favoráveis à revisão do alvo perseguido pelo BC.
Nesse caso, o placar apertado de 2 a 1 representaria uma vitória do governo por goleada. Afinal, o Brasil já está em seu terceiro ano consecutivo com a inflação acima do centro da meta – sendo dois deles ultrapassando o teto. Ou seja, passou da hora do assunto ser colocado na mesa de discussão.
Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h45:
EUA: o futuro do Dow Jones subia 0,67%; o do S&P 500 avançava 0,79% e o Nasdaq tinha alta de 1,14%;
NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) ainda não tinha negociação no pré-mercado; nos ADRs, o da Vale subia 0,47%, enquanto o da Petrobras tinha alta de 0,63%;
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 subia 1,05%; a bolsa de Frankfurt ganhava 1,47%; a de Paris avançava 1,41% e a de Londres crescia 0,62%;
Ásia: o índice japonês Nikkei 255 fechou em leve baixa de 0,08%, enquanto o Hang Seng, em Hong Kong, subiu 1,60%; a Bolsa de Xangai avançou 1,18%;
Câmbio: o índice DXY caía 0,48%, 102.91 pontos; o euro tinha alta de 0,54%, a US$ 1,0771; a libra subia 0,60%, a US$ 1,2146; o dólar caía 0,45% ante o iene, a 130,85 ienes;
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,591%, de 3,635% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,404%, de 4,429% na mesma comparação;
Commodities: o futuro do ouro subia 0,23%, a US$ 1.895,10 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI subia 0,24%, a US$ 78,66 o barril; o do petróleo Brent tinha alta de 0288%, a US$ 85,31 o barril; o contrato futuro do minério de ferro (maio) fechou em alta de 1,90% em Dalian (China), a 857 yuans a tonelada métrica, após ajustes.