Ibovespa (IBOV) tem dia cheio com Vale, big techs e IPCA-15, atento ao Copom
O Ibovespa (IBOV) deve tirar proveito hoje do sinal positivo que prevalece nos mercados internacionais, depois de voltar a cair ontem. A temporada de resultados assume o centro do palco, com os números das big techs dando suporte às bolsas de Nova York na manhã desta quarta-feira (26), ao mesmo tempo em que os riscos de recessão calibram as apostas para o Federal Reserve na semana que vem.
No fim do dia, ainda tem a Meta, do Facebook. Por aqui, a vedete principal entra em cena apenas após o fechamento do pregão, quando a Vale (VALE3) divulga o balanço do primeiro trimestre deste ano. Neste começo de dia, a Gol (GOLL4) já publicou os demonstrativos contábeis.
Ainda pela manhã, a agenda traz o IPCA-15, mudando o foco para o cenário macroeconômico. Embora a expectativa para a prévia de abril da inflação ao consumidor brasileiro seja de desaceleração, dificilmente o resultado irá mudar a decisão de maio do Comitê de Política Monetária (Copom). Isso porque o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deixou claro ontem que ainda não se sabe quando haverá queda da taxa Selic.
Provavelmente não será na semana que vem. Fato é que o BC segue preocupado com a desancoragem das expectativas de inflação para justificar o juro básico nos maiores níveis em pelo menos cinco anos. Para haver uma convergência à meta, Campos Neto voltou a falar em juros a 26% (!).
Ibovespa calibra Copom com IPCA-15
Foi isso o que ele deixou claro durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Mas, como disse um economista, bastava um dos presentes questionar qual seria o efeito desse nível da Selic sobre o crescimento econômico (PIB) e a taxa de desemprego que a discussão se encerrava ali.
Custava ter um político que seja que perguntasse: ok, segundo seus modelos os juros nesse patamar ancoram a inflação, mas qual o efeito deste patamar no PIB e na taxa de desemprego? Pronto. Acabava a discussão ali.
— André Perfeito (@perpheito) April 25, 2023
Nem precisaria de lousa e giz para ilustrar o estrago. Afinal, por mais que se saiba que o compromisso do Banco Central é com a estabilidade monetária e o controle da alta dos preços, a decisão do Copom está longe de ser apenas técnica, como defende Campos Neto. Afinal, medidas econômicas passam por decisões políticas.
Daí porque os investidores estão de olho no IPCA-15, seja qual for o discurso vindo do BC. Até porque se confirmada a expectativa de forte desaceleração, com a taxa acumulada em 12 meses caindo a 4,20%, cada vez mais vão faltar argumentos que justifiquem a manutenção da Selic.
Com isso, o Ibovespa deve antecipar cortes em breve. O movimento deve impulsionar as ações brasileiras, acompanhando um esperado alívio no dólar e na curva de juros futuros. Ainda mais se os renovados temores com os riscos bancários e o aperto do crédito mudar o tom do cenário para o Fed.
Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 8h:
EUA: o futuro do Dow Jones oscilava com +0,01%; o do S&P 500 tinha alta de 0,25% e o Nasdaq subia 1,09%;
NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) avançava 0,69% no pré-mercado; entre os ADRs, os da Vale subiam 2,47%, enquanto os da Petrobras tinham alta de 1,10%;
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 perdia 0,84%; a bolsa de Frankfurt caía 0,65%, a de Paris tinha baixa de 1,00%, enquanto a de Londres cedia 0,32%;
Ásia: o índice japonês Nikkei 255 fechou em queda de 0,71%, enquanto na China, a Bolsa de Hong Kong subiu iguais 0,71% e a de Xangai teve leve baixa de 0,02%;
Câmbio: o índice DXY caía 0,56%, 101.29 pontos; o euro subia 0,65%, a US$ 1,1047; a libra tinha alta de 0,64%, a US$ 1,2488; o dólar caía 0,23% ante o iene, a 133,41 ienes;
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,410%, de 3,402% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 3,920%, de 3,903% na mesma comparação;
Commodities: o futuro do ouro subia 0,23%, a US$ 2.009,20 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI subia 0,19%, a US$ 77,23 o barril; o do petróleo Brent tinha baixa de 0,09%, a US$ 80,51 o barril; o contrato futuro do minério de ferro (setembro) fechou em queda de 1,32% em Dalian (China), a 709,50 yuans a tonelada métrica, após ajustes.