Ibovespa (IBOV) sobe com fluxo estrangeiro na contramão de Wall Street
O principal índice da bolsa brasileira avançou nesta terça-feira, após três sessões de queda e na contramão das bolsas de Nova York, à medida que a manutenção da entrada de fluxo estrangeiro nos ativos locais ajudou a compensar temores pela escalada de tensões na Ucrânia.
O Ibovespa subiu 1,04%, a 112.891,80 pontos. O volume financeiro da sessão foi de 29,7 bilhões de reais.
O índice teve influência positiva de alguns setores incluindo mineração e siderurgia, alimentação, saúde e locação de veículos.
Na outra ponta, as petrolíferas foram o grande destaque negativo, apesar dos ganhos do petróleo.
Agentes de mercado viram a continuação da entrada de fluxo de capital estrangeiro à bolsa, diante de preços vistos como descontados, especialmente após queda nos últimos pregões.
Além disso, há influência da temporada dos balanços.
A alta do Ibovespa (IBOV) continua sendo acompanhada pelo ingresso do capital estrangeiro e “em setores diversos neste momento, até reduzindo exposição inicial apenas em commodities e bancos”, disse Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.
Bancos e empresas exportadoras de commodities de grande porte costumam atrair o investidor estrangeiro principalmente devido à liquidez dos papéis.
“O índice mostra uma dispersão muito grande (nesta sessão), alguns ativos performando muito bem, e poucos caindo”, disse Luciano França, sócio-fundador da Avantgarde Asset Management.
As bolsas em Nova York recuaram, voltando após feriado na segunda-feira. A crise na Ucrânia segue como principal foco dos mercados globais e o assunto desta terça-feira foi a imposição de sanções por Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido à Rússia, após reconhecimento pelos russos de áreas rebeldes na Ucrânia na véspera.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse esperar que a diplomacia ainda esteja à mesa. O índice S&P 500 caiu 1%.
Na cena doméstica, que segue como pano de fundo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o governo pode liberar recursos do FGTS para estimular economia, enquanto o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que Congresso não fará votações que tragam instabilidade econômica.
A confiança do consumidor, medida pela FGV, atingiu máxima em seis meses em fevereiro.
Destaques
Assaí (ASAI3) disparou 5,1%, após lucro líquido de 527 milhões de reais no quarto trimestre, crescimento de 76,3% sobre um ano antes. Em teleconferência, o presidente da empresa, Belmiro Gomes, afirmou que as vendas do início do ano mostram sinais de melhora.
Localiza (RENT3) e Unidas (LCAM3) ganharam 6,1%, após a rival no mercado de locação de veículos Movida divulgar resultados do quarto trimestre.
Movida (MOVI3), que não está no Ibovespa, avançou 8,9%.
Petrobras (PETR4) caiu 0,3% e (PETR3) recuou 1,6%, mesmo após alta do preço do petróleo.
O Brent chegou a bater 99,5 dólares, com escalada de tensões na Ucrânia.
De pano de fundo, novas falas de Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera intenções de voto à presidência, sobre política de preços de combustíveis.
Petrorio (PRIO3) perdeu 2,9% e 3R Petroleum (RRRP3) desvalorizou-se 2,5%.
Inter (BIDI11) cedeu 9,6% após queda de 67,1% no lucro líquido contábil do quarto trimestre ante mesmo período do ano anterior, diante de pressão nas despesas.
Americanas (AMER3) estendeu queda da véspera e caiu 5,4%, à medida que seus sites de comércio eletrônico mantinham-se fora do ar, após a empresa identificar riscos de “acesso não autorizado” nos seus sistemas no fim de semana. Analistas da XP estimam impactos de 250 milhões de reais até esta terça-feira.
Vale (VALE3) subiu 1,7% e siderúrgicas avançaram, ainda que o preço do minério de ferro caído na Ásia.
Fleury (FLRY3) subiu 8,2%, Grupo Soma (SOMA3) disparou 7,3% e Cogna (COGN3) teve alta de 7,1%.
As ações estiveram entre os principais destaques positivos.
Alpargatas (ALPA4) ganhou 4,8%, em dia de definição de preço em oferta de ações.