Bula do Mercado

Ibovespa (IBOV) quer ‘sextar’, mas Lula não alivia

03 mar 2023, 8:16 - atualizado em 03 mar 2023, 8:43
Ibovespa segue sem fechar no azul nesta semana, após cair ontem pela quinta vez seguida, e ruídos políticos mantêm pressão nos ativos (Arte: Giovanna Melo/ Money Times)

O Ibovespa (IBOV) deve ter dificuldades para ‘sextar’ hoje. A bolsa brasileira segue sem saber o que é fechar no azul nesta semana, após cair ontem pela quinta sessão seguida. Os ruídos políticos provocaram uma forte pressão negativa nos ativos locais, em especial na Petrobras (PETR4). 

O temor é de que a “retomada do controle” na estatal petrolífera a partir de abril provoque mudanças nas políticas de preços dos combustíveis e também de dividendos, com metade da distribuição para os acionistas e metade para investimentos. A isso somou-se às declarações do presidente Lula e de sua equipe econômica que tiveram como alvo o Banco Central

As cobranças para baixar a taxa básica de juros (Selic) já têm o apoio até de Simone Tebet. A ministra do Planejamento pediu um “gesto positivo” do BC. Essa pressão sobre Roberto Campos Neto cresceu após os números negativos do Produto Interno Bruto (PIB) na reta final de 2022. 

Até porque não se imaginava que o novo governo herdaria de Jair Bolsonaro uma economia em retração – mas apenas em desaceleração. E esse desempenho ruim representa um desafio adicional ao país, em um mundo que ainda se assusta com o fantasma da recessão.  

Não é só no Brasil

Porém, engana-se quem avalia que essa pressão sobre os bancos centrais é uma exclusividade tupiniquim. Afinal, a colossal injeção de liquidez global promovida durante a pandemia deixou a sensação de que estavam priorizando os ativos em risco.

Mais que isso, a flexibilização quantitativa levantou dúvidas sobre a capacidade de conter a inflação, que segue viva – inclusive por circunstâncias fora do controle dos BCs. Ainda assim, a credibilidade das autoridades monetárias, seus mandatos, ética e independência estão manchados. 

Particularmente na Europa, onde já há consenso de juros terminais de 4% na zona do euro, sob o risco de fragmentação da região. O Federal Reserve também passa por um escrutínio, já que corre o risco de ficar novamente “atrás da curva” e ter de apertar a taxa até 6%. 

Aliás, uma recente nomeação para o cargo de presidente da distrital de Chicago elevou a pressão sobre o Fed. Na palavras do Rabobank, é crescente as “preocupações de que os bancos centrais estão se tornando cada vez mais politizados”. 

Ibovespa sem salvação

Qualquer semelhança com as declarações de Lula não é mera coincidência. O presidente disparou contra o “cidadão” Campos Neto, que “não foi eleito para nada” e que tem feito do Brasil “refém de um único homem”, que “só tem de pensar em como reduzir os juros”. Afinal, uma taxa de 13,75% para uma economia que não cresce “não tem explicação”. 

Seja como for, a boa notícia para o dia continua vindo da China (sempre ela). O índice de atividade PMI no setor de serviços medido pelo Caixin apresentou forte alta em fevereiro, confirmando a recuperação da economia já apontada pelos dados oficiais.

No entanto, vale lembrar, a retomada econômica no gigante emergente indica um processo parecido ao ocorrido nos países ocidentais, onde a volta da mobilidade beneficiou mais a demanda doméstica – e não por matérias-primas. Portanto, se nem a China será a salvação da lavoura, espere por rodadas adicionais de pressão nos mercados globais.

Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 8h:

EUA: o futuro do Dow Jones subia 0,08%; o do S&P 500 avançava 0,17% e o Nasdaq tinha alta de 0,21%;

NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) ainda não tinha negociação no pré-mercado; entre os ADRs, o da Vale caíam 0,29% e os da Petrobras avançavam 0,74%

Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 tinha alta de 0,71%; a bolsa de Frankfurt ganhava 1,01%, a de Paris subia 0,79% e a de Londres avançava 0,22%;

Ásia: o índice japonês Nikkei 255 fechou em alta de 1,56%, enquanto o Hang Seng cresceu 0,68% e a Bolsa de Xangai ganhou 0,54%;

Câmbio: o índice DXY tinha baixa de 0,29%, 104.73 pontos; o euro subia 0,18%, a US$ 1,0616; a libra avançava 0,39%, a US$ 1,1994; o dólar caía 0,36% ante o iene, a 136,27 ienes;

Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 4,009%, de 4062% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,867%, de 4,904% na mesma comparação;

Commodities: o futuro do ouro tinha alta de 0,64%, a US$ 1.852,50 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI oscilava com -0,03%, a US$ 78,14 o barril; o do petróleo Brent cedia 0,12%, a US$ 84,65 o barril; o contrato futuro do minério de ferro (maio) fechou em alta de 0,77% em Dalian (China), a 916,50 yuans a tonelada métrica, após ajustes.

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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