Ibovespa (IBOV) não tem gatilhos para valorização mais expressiva no curto prazo, diz Santander; e agora?
Após um desempenho negativo na estratégia de ações para março, o Santander Asset segue com uma visão neutra para a bolsa de valores brasileira. O Ibovespa (IBOV) fechou o primeiro trimestre de 2024 com perdas acumuladas de 4,5%, sendo 0,71% só no mês passado.
Na carta para abril, o banco avalia que, por um lado, os preços da B3 parecem atrativos quando comparados aos patamares históricos e a expectativa de lucro das empresas oferece suporte para uma eventual alta do Ibovespa.
No entanto, a incerteza sobre o ritmo e a magnitude de corte dos juros internacionalmente seguem impactando negativamente os ativos de risco. “Não enxergamos gatilhos para uma valorização mais expressiva da bolsa local no curto prazo”, dizem.
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No mês passado, o Santander adotou posicionamento neutro tanto na bolsa local quanto nas globais. Apesar da posição na B3 ter sido coerente com o desempenho do Ibovespa, o banco não captou de forma expressiva as altas de lá fora.
Globalmente, os juros futuros ficaram praticamente estáveis em março, apesar de os dados de atividade e inflação nos Estados Unidos (EUA) seguirem demandando cautela na condução da política monetária pelo Federal Reserve.
No Brasil, entretanto, o aumento da incerteza sobre a condução da política econômica levou a curva de juros para cima. “No curto prazo, não vemos gatilhos para uma queda mais expressiva dos juros futuros”, diz o banco.
O que esperar para abril?
O Santander destaca que os últimos meses trouxeram leituras de inflação nos EUA mais pressionadas do que o esperado. Ainda assim, a visão do banco sobre a economia norte-americana segue na direção de moderação do crescimento e continuidade da desaceleração do CPI, com manutenção da expectativa de que o ciclo de redução dos juros comece em meados do ano, com uma velocidade mais gradual.
“A nossa visão para o cenário global prossegue construtiva, com a expectativa de que as principais economias sigam num processo de reequilíbrio. Ao mesmo tempo, reconhecemos que os riscos aumentaram nos últimos meses, diante dos dados nos EUA e China“, avaliam.
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Em relação ao Brasil, eles ressaltam que o Comitê de Política Monetária (Copom) trouxe uma mensagem mais conservadora na última reunião. “Isso eleva, de forma relevante, a chance de uma desaceleração do ritmo de corte da Selic para 0,25% por reunião já no encontro de junho ou julho”, dizem.
Diante desse cenário, o banco atualizou a projeção da taxa básica de juros para 9% em 2024. “Reconhecemos que existe um risco para cima em torno da nossa projeção de Selic para o final do ano, com chance de o Copom eventualmente efetuar uma pausa no processo de redução dos juros. Além dos dados de atividade e inflação, é fundamental monitorar os desdobramentos do quadro fiscal”, afirmam.