Ibovespa (IBOV) hoje tenta aproveitar alívio com Haddad e ‘tubarões’
O Ibovespa (IBOV) tenta hoje dar continuidade ao alívio visto no pregão de ontem (15). O sinal verde dos “tubarões” do mercado em relação à mudança nas metas de inflação combinado com a decisão do governo de adiantar para março a entrega do projeto da nova âncora fiscal garantiu fortes ganhos na bolsa brasileira.
Ambos os acontecimentos marcaram o CEO Conference, promovida pelo BTG Pactual. Aos olhos dos investidores, é preciso dar um passo de cada vez. A prioridade é um plano de voo factível no âmbito fiscal. Só a partir daí, é possível abrir espaço para, então, ampliar as metas de inflação e, por fim, cortar a taxa Selic ainda neste ano. Portanto, nesse caso, a ordem dos fatores altera sim o produto.
Assim, a reunião de hoje do Conselho Monetário Nacional (CMN) perdeu relevância. Isso porque as metas de inflação não serão discutidas. No entanto, a novela em torno do assunto pode durar até junho, que é quando entra em cena. Até lá, o debate deve continuar – porém, não necessariamente, nos fóruns corretos.
Com isso, o Ibovespa deve se revestir de uma dose extra de cautela. Afinal, ainda existe uma longa distância entre o plano das ideias e o da ação. Somente a sinalização de boas intenções por parte do governo não deve ter forças para sustentar uma trajetória mais firme de alta. Até porque os ruídos vindos de Brasília são muitos.
Metas de inflação aqui e lá fora
Além disso, os mercados domésticos seguem vulneráveis ao ambiente internacional. Lá fora, ganha força o discurso de “juros mais altos por mais tempo” (higher for longer). Até porque o Federal Reserve segue firme na missão de trazer a inflação nos Estados Unidos de volta à meta no longo prazo de 2%.
Porém, até mesmo por lá se discute as metas. Como disse o ex-CEO da Pimco, Mohamed El-Erian à Bloomberg, tivesse o Fed sinalizado que iria perseguir um alvo maior, de 3%, não haveria o receio de que a taxa de juros nos EUA deve ir além dos 5%. Tampouco haveria o risco de uma recessão no país. Segundo ele, se uma nova meta fosse traçada hoje, seria de 3% a 4%.
Mas agora é tarde demais para mudar isso, sem que haja uma grande perda de credibilidade do principal banco central do mundo. Por isso, o Fed deve continuar mirando o alvo de 2% até chegar lá, ainda que isso custe caro à economia – e não só dos EUA. Ao menos aqui, ainda parece haver tempo para colocar em prática a questão.
O fato é que a inflação persiste, inclusive globalmente. Ou seja, a resiliência na alta dos preços não é um problema só do Brasil ou dos EUA – nem só do Ocidente. Por isso, é preciso olhar a questão de forma mais ampla e profunda. Afinal, até pouco tempo atrás achava-se que se tratava de um fenômeno “transitório”.
Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 8h:
EUA: o futuro do Dow Jones oscila com +0,01%; o do S&P 500 tinha -0,02% e o Nasdaq variava +0,02%;
NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) ainda não tinha negociação no pré-mercado; entre os ADRs, os da Vale subiam 0,94% e os da Petrobras tinham alta de 0,26%;
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 ganhava 0,53%; a bolsa de Frankfurt avançava 0,60%; a de Paris crescia 1,05% e a de Londres tinha alta de 0,21%;
Ásia: o índice japonês Nikkei 255 fechou em alta de 0,71%, enquanto o Hang Seng, em Hong Kong, subiu 0,84%, mas a Bolsa de Xangai recuou 0,96%;
Câmbio: o índice DXY subia 0,28%, 103.63 pontos; o euro tinha alta de 0,16%, a US$ 1,0704; a libra subia 0,18%, a US$ 1,2054; o dólar tinha baixa de 0,17% ante o iene, a 133,94 ienes;
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,781%, de 3,807% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,581%, de 4,618% na mesma comparação;
Commodities: o futuro do ouro subia 0,14%, a US$ 1.848,00 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI tinha -0,01%, a US$ 78,58 o barril; o do petróleo Brent tinha leve baixa de 0,08%, a US$ 85,35 o barril; o contrato futuro do minério de ferro (maio) fechou em alta de 0,87% em Dalian (China), a 872 yuans a tonelada métrica, após ajustes.