Ibovespa (IBOV) hoje em sinuca de bico: petróleo dispara e resgata temor com inflação
O Ibovespa (IBOV) tinha tudo para começar abril em ritmo lento, com os mercados globais aproveitando a semana marcada por feriados para refletir sobre qual narrativa deve guiar os ativos de risco neste novo mês. Porém, a disparada do petróleo pode garantir um inesperado rali na bolsa brasileira nesta segunda-feira (3).
Os preços do barril do tipos WTI e Brent saltam mais de 5% nesta manhã no exterior, após a Arábia Saudita liderar um corte surpresa na produção que totaliza mais de 1 milhão de petróleo por dia a partir de maio. A operação coordenada vale até o fim deste ano e abrange os países produtores e aliados que fazem parte do cartel da Opep+.
Em reação, os recibos de ações (ADRs) da Petrobras subiam mais de 3% no pré-mercado em Nova York nesta manhã. No entanto, a direção para o dia na B3 ainda é indefinida. Isso porque o principal fundo de índice (ETF) que reflete o Ibovespa em dólar recua. Da mesma forma, os ADRs da Vale acompanham as perdas do minério de ferro.
Ibovespa busca narrativa em abril
O fato é que os investidores ainda não sabem o que esperar para este novo período que se inicia. Afinal, apesar de ter apenas três meses, 2023 já viu várias narrativas com impacto sobre as carteiras de investimentos. Agora, com a redução da produção de petróleo, a pergunta que fica é: será que o temor com a inflação vai voltar à pauta?
Claramente, o tema ainda não pode ser abandonado de vez. Ainda que tenha perdido força, em meio às expectativas de fim do ciclo de alta de juros pelo Federal Reserve, a inflação elevada ainda assusta. Além disso, os mercados ainda não entraram no estágio em que o tema recessão irá dominar a pauta.
Já no Brasil, o novo arcabouço fiscal proposto pela equipe econômica do governo Lula pode até ter aliviado um pouco as preocupações em relação às contas públicas. Porém, dificilmente a regra que deve substituir o teto dos gastos irá antecipar o momento dos cortes na taxa Selic.
Ainda mais se houver uma nova rodada de pressão nos preços, sob o impacto da recente decisão da Opep. Assim, até mesmo a perspectiva em relação ao Fed e ao Copom pode ser colocada em xeque, principalmente se não surgirem sinais concretos de recessão. Com isso, a cautela deve substituir o otimismo visto nos mercados antes de virar a folhinha.
Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h50:
EUA: o futuro do Dow Jones avançava 0,37%; o do S&P 500 oscilava 0,05% e o Nasdaq tinha queda de 0,58%;
NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) caía 0,47% no pré-mercado; entre os ADRs, os da Vale recuavam 0,70%, enquanto os da Petrobras saltavam 3,26%
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 tinha leve alta de 0,11%; a bolsa de Frankfurt oscilava com +0,03%, a de Paris ganhava 0,46% e a de Londres avançava 0,80%;
Ásia: o índice japonês Nikkei 255 subiu 0,52%, enquanto o Hang Seng, em Hong Kong, subiu pelo quinto dia, em +0,04%, e a Bolsa de Xangai teve alta de 0,72%;
Câmbio: o índice DXY tinha leve baixa de 0,05%, 102.46 pontos; o euro subia 0,26%, a US$ 1,0869; a libra tinha alta de 0,28%, a US$ 1,2368; o dólar tinha alta de 0,41% ante o iene, a 133,31 ienes;
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,524%, de 3,471% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,098%, de 4,027% na mesma comparação;
Commodities: o futuro do ouro oscilava com +0,06%, a US$ 1.987,40 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI saltava 5,51%, a US$ 79,83 o barril; o do petróleo Brent disparava 5,29%, a US$ 84,12 o barril; o contrato futuro do minério de ferro (maio) fechou em queda de 0,99% em Dalian (China), a 900 yuans a tonelada métrica, após ajustes.